O ex-seminarista Marco Marchese, que denunciou ter sofrido abuso sexual por um padre católico durante seis anos, afirmou que o Vaticano é omisso e não faz nada pelas vítimas dos religiosos pedófilos.
Para Marchese, denunciar um religioso pedófilo na Itália é muito mais difícil do que nos Estados Unidos, porque o Vaticano encontra-se muito próximo e a pressão é muito grande.
Segundo ele, o problema nunca termina pois, ao confessar a culpa, o sacerdote tem a pena reduzida e cumpre apenas poucos meses de prisão. Depois, retoma as atividades normais em meio a crianças e adolescentes.
Marchese, de 25 anos, que criou uma associação para defender vítimas de pedofilia na Itália, afirmou que o Clero Romano nem pede desculpas pela crise. A única coisa que faz por aqueles que sofrem nas mãos dos sacerdotes pedófilos é pagar. E só faz isso quando a Justiça determina a indenização. Se a vítima não recorrer aos tribunais, não recebe nada.
O ex-seminarista diz ter sido violentado por don Bruno Puleo dos 12 aos 18 anos num seminário de Agrigento, no Sul do país. Ele conta que o padre dizia que eles tinham uma relação única, que o que faziam não era pecado e que não era necessário confessar.
Quando se deu conta da gravidade do que estava acontecendo com a sua vida, Marchese denunciou o padre ao bispo local, monsenhor Carmelo Ferraro e pediu que ele tomasse uma atitude para evitar que ele também fizesse mal a outras crianças, mas Ferraro não fez nada e ele preferiu desistir da vida religiosa.
A violência sofrida durante a adolescência por Marchese provocou graves problemas de saúde, inúmeras horas de análise e uma tentativa de suicídio. Três anos depois de abandonar o seminário, e ao constatar que o padre Bruno continuava no mesmo lugar, tendo contato com várias crianças, Marchese decidiu denunciá-lo à Justiça.
No processo, don Puleo foi considerado culpado por ter abusado sexualmente não apenas de Marchese, mas também de outras seis crianças, e condenado a dois anos e seis meses de prisão. Mas o ex-seminarista acabou também processado pelo bispo Ferraro, que pediu 200 mil euros pelos danos que a denúncia de violência sexual teria causado à imagem da Igreja de Agrigento.
FoUni