Autoridades gregas ordenaram a abertura de uma investigação sobre as causas do incêndio florestal que matou ao menos 63 pessoas, e analisam se a ação pode ser considerada um ato terrorista, informou o Ministério de Ordem Pública da Grécia nesta segunda-feira.
As autoridades trabalham com a hipótese de incêndio criminoso. O governo ofereceu uma recompensa de US$ 1,4 milhão [cerca de R$ 3,7 milhões] para quem der informações que levem aos culpados.
Louisia Gouliamaki/AFP
Incêndio florestal mata ao menos 63 pessoas e desaloja população em vilas na Grécia
Dimitris Papangelopoulos –que é responsável pelo departamento que investiga atos terroristas e crime organizado– informou em um comunicado que autoridades gregas analisam se a ação pode ser enquadrada na lei antiterrorista do país. Caso isso aconteça, as autoridades terão poderes mais amplos de investigação e detenções.
A investigação também visa estabelecer as identidades dos responsáveis pelo incêndio.
“Tantos focos de incêndio tendo início ao mesmo tempo em tantas partes do país não podem ser uma coincidência”, afirmou o premiê Costas Karamanlis em um discurso no sábado (25).
“O Estado fará todo o possível para identificar os responsáveis e puni-los”, acrescentou.
Várias pessoas foram detidas sob suspeita de ligação com o incêndio.
Um homem foi acusado de homicídio em conexão com um foco iniciado na cidade de Areopolis na sexta-feira (24), que matou seis pessoas.
Neste domingo, o ministro de Ordem Pública, Vyron Polydoras, sugeriu que o incêndio faria parte de um “plano deliberado”.
“Nós tivemos algumas prisões e testemunhos que serão incluídos nas investigações. Nós podemos dizer que se trata de uma ameaça que não podemos medir”, afirmou. Segundo ele, o fato de muitos focos terem surgido durante a madrugada, de forma simultânea e em locais onde motoristas e ciclistas “geralmente não chegam”, leva à essa conclusão.
Fogo
Focos de incêndio se espalharam por vilas, florestas e propriedades rurais nos últimos três dias, deixando um rastro de terra queimada, casas destruídas e carcaças de animais carbonizados.
Louisa Gouliamaki/AFP
Moradores de vilas deixam suas casas após incêndio que matou ao menos 63 pessoas
“Os incêndios estão se propagando por mais de metade do país. Esta é uma tragédia sem precedentes na Grécia”, disse neste domingo o porta-voz do Corpo de Bombeiros, Nikos Diamandis.
Mais de 800 bombeiros gregos, ajudados por dezenas de colegas vindos de outros países, assim como 20 aviões e 19 helicópteros, lutavam contra as chamas no Peloponeso e em Phiotida, no centro do país, tentando apagar os novos focos iniciados no domingo. O governo grego decretou no sábado (25) três dias de luto nacional e estado de emergência no país.
As chamas chegaram a poucos metros da chamada Antiga Olímpia, nos muros do museu e do sítio arqueológico. Helicópteros e aeronaves cobriram as ruínas milenares com água e espuma. “Os bombeiros lutaram uma batalha na Olímpia Antiga e venceram”, disse Diamandis.
Desespero
“O fogo está ao redor de nossa vila e nada foi feito. Estamos por nossa conta”, afirmou um morador da vila de Frixa, a mais atingida do Peloponeso, à rede de TV Antenna.
Uma mulher da vila de Porthyo fez outro apelo às autoridades. “A vila está cercada e estamos presos. Por favor, ajudem. Tenho pessoas idosas em casa e não tenho como removê-las”.
Vários países prometeram enviar ajuda à Grécia. Aviões da França, da Espanha e da Itália já participam das operações, assim como bombeiros do Chipre, da Franca e de Israel.
Outros dez países devem começar a enviar ajuda nesta segunda-feira.
FO/Com Reuters e Associated Press