Santa Catarina e Mato Grosso são responsáveis pela maior parte dos atos que ainda persistem, totalizando 57 manifestações
O quarto dia de manifestações contra a eleição democrática de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começa com movimentação em queda nas rodovias federais e estaduais. Segundo balanço da Polícia Rodoviária Federal, no momento, 86 rodovias possuem pontos de interdição ou bloqueio em 11 Estados do Brasil. Dentre eles, Santa Catarina e Mato Grosso mantém a maioria dos atos, sendo o primeiro com 30 e o segundo com 27. Além deles, há manifestações ocorrendo ainda em: Acre (2), Amazonas (1), Goiás (1), Minas Gerais (1), Mato Grosso do Sul (1), Pará (10), Paraná (1), Rondônia (9) e Rio Grande do Sul (3). Na noite da última quarta-feira, 2, o presidente Jair Bolsonaro (PL) publicou um vídeos nas redes sociais, no qual classificou os bloqueios de vias como formas ilegítimas de protesto, pedindo que os manifestantes permitissem a passagem de veículos. Ele disse ver as manifestações como democráticas desde que não interrompessem o “direito de ir e vir” dos cidadãos e não fossem prejudiciais à economia brasileira.
Os atos tiveram início na noite de domingo, 30, após a divulgação do resultado da eleição pelo Tribunal Superior Eleitoral. Segundo a PRF, desde então, já foram desfeitas 834 manifestações em rodovias. Na segunda-feira, 31, o ministro Alexandre de Moraes, que preside o TSE e faz parte da 1ª turma do Supremo Tribunal Federal, emitiu uma decisão judicial a pedido da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) para que os governos federal e estaduais agissem pelo fim das mobilizações, que classificou como antidemocráticas, por ocorrerem por insatisfação com o resultado de eleições limpas e seguras. A decisão apontava ainda omissão da PRF e possibilidade de multa e prisão do diretor da corporação, Silvinei Vasques. Na madrugada da terça-feira, o STF formou maioria em apoio à decisão de Moraes. E, ao longo do dia, o ministro emitiu nova decisão, permitindo que as polícias militares dos Estados atuassem na desmobilização dos atos nas rodovias e impondo multas aos envolvidos nos protestos apontados como ilegais.
A ação mais direta da Polícia Militar, por vezes com uso de grupos táticos e do Choque para desocupação das vias, além de equipamentos como balas de borracha e bomba de efeito moral, contribuiu para reduzir a quantidade de bloqueios, e até encerrá-los em alguns Estados. Na noite do feriado de finados, o vídeo de Bolsonaro foi mais um elemento a contribuir pela redução do movimento, que logo se deslocou para os centros das cidades, ainda com a mesma motivação opositora à eleição democrática de Lula.