FAO divulgou novo relatório com valores relacionados a setembro; óleos vegetais lideram a queda que acontece pelo sexto mês consecutivo; valor global da carne bovina baixou devido ao aumento das exportações do Brasil; 45 países precisam de assistência alimentar externa.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, os preços globais dos alimentos caíram pelo sexto mês consecutivo em setembro.
A maior queda foi no valor do óleo vegetal, com uma diminuição de 6,6% ao mês, atingindo o nível mais baixo desde fevereiro de 2021 e compensando o alto custo dos cereais.
© FAO/Justin Jin
Barraca de carne em um mercado em Pequim, China
Carne mais barata graças ao aumento de exportações do Brasil
No total, o Índice de Preços de Alimentos da FAO teve uma queda de 1,1% em relação a agosto, mas permanecendo 5,5% acima do valor do ano anterior. O relatório acompanha as mudanças mensais nos preços internacionais da cesta básica.
Entre os fatores que explicam a diminuição do preço dos óleos vegetais estão o aumento do estoque e da produção do óleo de palma, também chamado de dendê, no Sudeste Asiático, maior oferta de exportação do óleo de soja na Argentina e do óleo de girassol na região do Mar Negro, e a queda do preço do petróleo.
Já o valor cobrado pela carne bovina no mercado global baixou devido à alta disponibilidade das exportações do Brasil e à elevada liquidação do gado em alguns países produtores.
A demanda de importação moderada fez cair também o preço da carne de aves, já a carne suína subiu pela falta de animais prontos para o abate na União Europeia.
Leite e açúcar
Quem consome laticínios, pode ter notado uma queda de preço que se deu com a desvalorização do euro em relação ao dólar americano, e com as incertezas do mercado e as perspectivas sombrias de crescimento econômico global.
O Brasil também puxou a queda no preço do açúcar, com o aumento da produção, o custo baixo do etanol e a desvalorização do real.
UN News/Daniel Johnson
Na Tunísia, uma compradora reclama da falta de açúcar no país
Cereais aumentaram de preço
Em relação aos cereais, o aumento foi de 1,5% comparado ao mês de agosto. Os preços internacionais do trigo cresceram 2,2%, ligados a preocupações com as condições da seca na Argentina e nos Estados Unidos, um ritmo acelerado de exportações da União Europeia em meio à alta demanda interna e maior incerteza sobre a continuação da Iniciativa de Grãos do Mar Negro.
Já o milho permanece estável, uma vez que a valorização do dólar contrariou a pressão de uma perspectiva de diminuição da oferta ligada a perspectivas de produção baixa nos Estados Unidos da América e na União Europeia.
O valor do arroz subiu 2,2%, em grande parte em resposta às mudanças na política de exportação na Índia e às preocupações com o impacto das graves inundações no Paquistão.
© WFP/Josh Estey
Cingaleses lutam para atender necessidades alimentares e nutricionais diante da escassez e dos preços mais altos de alimentos e combustíveis
Países que precisam de assistência alimentar
Em um outro relatório, a FAO prevê que o comércio mundial de cereais diminua 2,4% em 2022/23, com contrações previstas no comércio de todos os principais cereais. Entre outros fatores, as consequências da guerra na Ucrânia e a força do dólar americano contribuem para esse declínio.
Secas de vários anos geraram uma grave situação de insegurança alimentar na África Oriental, com fome prevista em partes da Somália, a menos que a assistência humanitária seja ampliada.
Altas taxas de inflação, ambientes macroeconômicos desafiadores e moedas em depreciação estão agravando as condições de insegurança alimentar em países de baixa renda com déficit alimentar.
ONU-NEWS