As bolsas de valores européias abriram em queda nesta sexta-feira, contagiadas pela forte tensão no mercado global do dia anterior. Na quinta-feira, a Wall Street cedeu 2,83 por cento, devido a uma grave crise das hipotecas de alto risco.
Pouco depois do começo da sessão, o índice Ibex-35 da Bolsa de Madri perdeu 214,50 pontos, equivalente a 1,45%. Já o índice Geral de Madri cedeu 1,65% e o tecnológico Novo Mercado, 1,80%.
A Bolsa de Valores de Milão abriu o pregão com o índice S&P/MIB caindo 0,84%, para 39.720 pontos, enquanto o índice Mibtel caía 1%, até 30.881. A Bolsa de Valores de Frankfurt abriu com o índice DAX 30 caindo 1,7%, para 7.326 pontos.
A Bolsa de Valores de Zurique abriu com o índice geral SMI (Swiss Market Index) caindo 192,23 pontos (2,18%), para 8.613,09. A de Paris abriu em queda de 1,79%, de 5.624,79 pontos para 5.529. A queda no índice geral FTSE-100, em Londres, caiu 96 pontos (1,54%), para 6.175.
A abertura nas bolsas européias acompanha o cenário visto na Ásia, onde as bolsas operaram e fecharam em queda.
Ásia
As principais bolsas asiáticas fecharam as operações em queda nesta sexta-feira, 10, acompanhando a queda dos pregões americanos e europeus na quinta-feira.
A Bolsa de Tóquio já abriu em queda, perdendo em apenas 11 minutos 1,44%. O índice Nikkei fechou com uma forte queda de 406,51 pontos, 2,36%. O segundo indicador, o Topix, caiu 49,88 pontos, 2,96% e terminou em 1.633,93 unidades. Com este cenário, o Banco do Japão injetou um trilhão de ienes (8,5 milhões de dólares) no mercado, acompanhando o aumento da liquidez fornecido pelo Federal Reserve, dos Estados Unidos, e o Banco Central Europeu.
A queda no índice Kospi do mercado sul-coreano foi de 4,2%, fechando em 1.828,49 unidades. O índice de valores tecnológicos Kosdaq cedeu 2,9% e terminou as operações em 788,41 unidades. A Bolsa de Hong Kong também fechou as operações com baixa de 2,8%.
Os bancos centrais desde Tóquio até Sidney injetaram dinheiro extra em seus sistemas bancários nesta sexta-feira ou prometeram fazer. A decisão marca a entrada da Ásia na campanha global das autoridades monetárias para acalmar os mercados de crédito.
O Banco Central do Japão e o da Austrália injetaram mais dinheiro que o usual para evitar especulações com as taxas de curto prazo. O BC japonês lançou um trilhão de ienes (8,5 milhões de dólares). O valor ainda é menor que o injetado pelo Banco Central Europeu na quinta-feira, 94,8 milhões de euros.
Ao mesmo tempo, Malásia, Indonésia e Filipinas intervieram nos mercados para respaldar suas moedas vendendo dólares.
Sinal amarelo
A turbulência na quinta-feira começou com o anúncio do banco BNP Paribas, o maior da França, de que iria congelar os resgates de três de seus fundos, com ativos de US$ 2,2 bilhões, que têm investimentos em papéis lastreados em hipotecas de alto risco. O anúncio desencadeou uma onda de aversão ao risco entre os investidores e os bancos fecharam a torneira de crédito.
Com isso, as taxas de juros interbancárias subiram muito e os bancos centrais resolveram injetar recursos no sistema por meio de empréstimos para cobrir o déficit de crédito. O BCE emprestou mais de US$ 130 bilhões a 4% ao ano no overnight. O Fed injetou US$ 24 bilhões no sistema bancário para manter a taxa de empréstimos em 5,25%, depois de abrir em 5,5% de manhã. Tanto nos EUA quanto na Europa, os juros antes das intervenções superavam a taxa básica. O Banco do Canadá também injetou um volume de recursos maior do que o normal no mercado para estabilizar o sistema.
O aperto de crédito reverberou no mercado acionário, derrubando as bolsas. O Índice Dow Jones, o mais importante da Bolsa de Nova York, teve a maior queda (2,8%) desde a turbulência provocada pela Bolsa de Xangai, em 27 de fevereiro. A bolsa eletrônica Nasdaq caiu 2,16% e o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) despencou 3,28%.
O principal índice das ações européias caiu quase 2%. Em Londres, o índice Financial Times fechou em baixa de 1,92%. Em Frankurt, o índice DAX recuou 2%. Em Paris, o índice de ações caiu 2,17%. Em Milão, o índice Mibtel encerrou em baixa de 1,38%. Em Madro, o índice Ibex-35 registrou perda de 1,11% e em Lisboa, baixa de 1,01%.
Panos quentes
Em uma coletiva na manhã desta quinta-feira, o presidente dos EUA ressaltou que os fundamentos econômicos dos Estados Unidos são fortes – apesar da turbulência no mercado imobiliário do país – graças à baixa inflação, sólido mercado de trabalho e uma economia global saudável. Contudo, rejeitou a possibilidade de uma operação de salvação das construtoras de imóveis.
Mantega também procurou transmitir tranqüilidade aos investidores neste momento de maior turbulência no mercado internacional. Segundo ele, não há receio em relação ao Brasil, “que está no time dos países sólidos habilitados a enfrentar maior ou menor nervosismo”. “Os investidores continuam olhando com segurança para o Brasil”, disse em rápida entrevista na portaria do Ministério da Fazenda .
Ele disse ter consultado a área técnica do Tesouro Nacional e verificou que não houve pressão de venda dos títulos do governo brasileiro. O ministro insistiu que a economia brasileira está muito sólida para enfrentar estas turbulências e que não está faltando dinheiro ao País. “O Brasil tem dólares sobrando”, disse, citando que as reservas internacionais estão US$ 100 bilhões acima do verificado em março do ano passado. Segundo o ministro, não falta liquidez à economia brasileira.
Apesar de os ativos domésticos estarem reagindo à turbulência externa, Mantega chegou a dizer que este nervosismo não chegou ao País. Ele comentou ainda o quadro internacional lembrando que tem ocorrido um efeito dominó a partir do mercado de crédito imobiliário de alto risco norte-americano.
Bovespa
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em forte baixa nesta quinta-feira, com notícias sobre congelamento de resgates em fundos do BNP Paribas intensificando a preocupação com os problemas de crédito no mundo. As principais bolsas no globo registraram baixas acentuadas e o mercado acionário brasileiro seguiu o movimento.
O Ibovespa – que mede o desempenho das ações mais negociadas na Bolsa – recuou 3,28%, para 53.430 pontos, segundo dados preliminares. O volume financeiro ficou em R$ 4,1 bilhões, em linha com a média diária do ano, e apenas 5 dos 59 papéis do índice subiram.
O dólar comercial encerrou o dia cotado a R$ 1,9260, em alta de 2,12%. O risco Brasil – que mede a desconfiança do investidor estrangeiro em relação à capacidade de pagamento da dívida do país – subiu 13 pontos, para 188 pontos-base.