O presidente Luiz Inácio Lula d a Silva confirmou à direção do PT que estará presente no 3º Congresso da legenda, que ocorre entre os dias 31 de agosto e 2 de setembro, na capital paulista. Apesar de o presidente ter participado de todos os grandes eventos do partido desde sua fundação, a presença deve ajudar a dar força à “”””contra-ofensiva”””” que vem sendo comandada pela sigla, que tem como alvos a mídia e a oposição.
Por enquanto, ainda não há uma definição sobre qual será o dia escolhido por Lula para participar do Congresso do PT. Mas a expectativa do presidente do partido, deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), é de que o presidente faça uma “”””fala política”””” durante a cerimônia de abertura do evento. “”””Ainda não sabemos exatamente como será, em função da agenda do presidente. Mas ele falou que faz questão de comparecer””””, disse Berzoini. Sem detalhar o que espera do discurso, o deputado afirmou que, “”””dependendo do momento político, a participação dele será fundamental.””””
No final de julho, a direção petista divulgou uma resolução em que acusou a oposição e a mídia de se articularem para prejudicar o partido e o governo Lula. Desde então, dirigentes e grandes lideranças da legenda aproveitaram diversas ocasiões para se queixar da cobertura dada pela imprensa à crise aérea, da forma como a oposição tem tratado do assunto e das vaias recebidas pelo presidente na abertura dos Jogos Pan-Americanos e em cerimônias de lançamento de investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nas semanas seguintes.
No último final de semana, a etapa paulista do Congresso do PT ajudou a dar uma idéia de qual poderá ser o tom dos discursos no evento nacional. Berzoini se encarregou de atacar o que chamou de “”””papel nefasto”””” da mídia. Enquanto isso, lideranças como a ministra do Turismo, Marta Suplicy, e o senador Aloizio Mercadante (SP) aproveitaram a platéia de mais de 1.300 delegados para criticar o movimento Cansei.
O último grande evento petista em que Lula esteve presente foi o 13º Encontro Nacional da legenda, realizado em abril de 2006. Na época, o presidente já se queixava dos ataques de adversários políticos, mas o contexto era outro. O PT tentava se desvencilhar do escândalo do mensalão, enquanto o presidente Lula se preparava para disputar a reeleição. “”””Estamos em tempo de enfrentamento, de embate””””, dizia.
RETOMADA
A presença de Lula no Congresso do PT ocorre em meio uma boa notícia para o antigo Campo Majoritário da sigla, corrente integrada pelo próprio presidente e por nomes como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. O grupo, que deu as cartas no partido ao longo das últimas décadas, voltará a ter – pelo menos durante o congresso – a maioria absoluta de votos perdida logo após o escândalo do mensalão. Desde a última eleição interna, ocorrida em outubro de 2005, o grupo detém 42% do Diretório Nacional petista.
Um levantamento interno realizado pelo próprio Campo Majoritário aponta que a corrente elegeu cerca de 51% dos 936 delegados para o evento que ocorre no fim do mês. Juntos, os demais grupos teriam ficado com 49%. A corrente que assina a tese Mensagem ao Partido, integrada por nomes como o ministro da Justiça, Tarso Genro, teria obtido 13,78% dos delegados. Em seguida, vieram o Movimento PT (8,01%), Novo Rumo para o PT (7,59%) e Articulação de Esquerda (6,62%). O PT de Luta e de Massa teve 6,73% e o grupo PT Militante e Socialista atingiu 4,06%.
A participação obtida pelo Campo é semelhante à que o grupo ostentava no Diretório Nacional petista antes do mensalão, mas ficou abaixo do esperado antes das etapas estaduais do congresso. Há algumas semanas, o grupo acreditava que poderia levar 56% dos delegados. Ainda assim, integrantes do grupo têm apostado na possibilidade de recuperar também a maioria absoluta no diretório, após a próxima eleição interna. A tendência é de que o congresso antecipe o pleito para uma data entre final de novembro e início de dezembro.