Equipes de buscas estão no local procurando sobreviventes; especialistas dizem que acidentes como esse devem continuar acontecendo por causa das mudanças climáticas
Ao menos seis pessoas morreram e oito ficaram feridas após uma avalanche provocada pelo rompimento de parte da geleira de Marmolada, a maior da cadeia montanhosa das Dolomitas, nos Alpes da Itália, no domingo, 3. A porta-voz dos serviços de emergência, Michela Canova, informou que o balanço “ainda era provisório” e os números podem mudar. Segundo a agência de notícias Ansa, pelo menos três italianos e um tcheco estão entre os mortos. Entre os feridos estão dois alemães, um homem de 67 anos e uma mulher de 58 anos, que se encontra em risco de morte, disse a agência médica de Veneto. O chefe da Defesa Civil da província de Veneto, Gianpaolo Bottacin, também mencionou “desaparecidos” sem especificar o número.
As buscas foram retomadas nesta segunda-feira, 4, e helicópteros participam das operações de resgate e vigilância. O trabalho dos socorristas foi especialmente difícil, pois tiveram que extrair os corpos do meio de gelo e rocha. “Encontramos alguns corpos mutilados entre a pilha de gelo e detritos espalhados por mais de 1.000 metros”, disse Gino Comelli, das equipes de resgate de alta montanha, segundo o jornal Corriere della Sera. As equipes de resgate enviaram drones equipados com câmeras térmicas durante a noite, na esperança de localizar sobreviventes arrastados pela avalanche de gelo e rochas, explicou o prefeito da cidade de Canazei, Giovanni Bernard. “É uma situação muito perigosa também para os socorristas”, que não podem avançar a pé, disse. De acordo com o o chefe do serviço de resgate alpino, Giorgio Gajer, em entrevista à agência AGI, as chances de encontrar sobreviventes “são quase nulas”.
A avalanche que ocasionou a tragédia ocorre um dia depois que temperaturas recordes de 10°C foram atingidas no topo da geleira. Segundo o professor do departamento de ciências da Universidade de Roma 3, o rompimento “é uma consequência das condições meteorológicas atuais, ou seja, um episódio de calor precoce, que coincide com o problema do aquecimento global”, declarou. Segundo Renato Colucci, especialista em geleiras citado pela agência italiana AGI, o fenômeno “se repetirá”, uma vez que, “há semanas, as temperaturas nas alturas dos Alpes encontram-se bem acima dos indicadores habituais”. Segundo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) divulgado em 1º de março, o derretimento do gelo e da neve é uma das dez principais ameaças causadas pelo aquecimento global, que vai perturbar ecossistemas e ameaçar infraestruturas. O IPCC alertou que as geleiras da Escandinávia, Europa Central e Cáucaso podem perder de 60 a 80% de sua massa até o final do século.
jOVEMpAN