sexta-feira, 22/11/2024
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Com poucas mudanças, Cuba completa um ano sem Fidel

Foi no dia 31 de julho do ano passado que um Fidel Castro debilitado fez uma proclamação nomeando seu irmão mais novo, Raúl, como chefe de Estado interino.

Acabou sendo uma transição tranqüila, com o Partido Comunista mantendo o controle do país. Mas, até agora, a estabilidade não levou a nenhuma melhoria na vida cotidiana dos cubanos.

Só agora, um ano depois, há sinais de que Raúl pode estar preparando o país para uma dose de reformas econômicas no estilo chinês.

Até agora, uma das poucas reformas legais da iniciativa privada permitiu a criação de um mercado de agricultores.

Um dos melhores e mais lotados está na Rua 19, no bairro de Vedado, em Havana.

Cota do governo

Como todos os mercados do mundo, este vibra ao som dos feirantes gritando suas ofertas, provocando clientes para comprarem suas frutas e legumes.

A produção vem de fazendas cooperativas próximas. Quando estes pequenos empreendimentos alcançam a cota que devem dar ao Estado, podem vender tudo o que cultivarem no mercado.

Só nos últimos 15 anos estas atividades ao estilo capitalista foram permitidas –uma concessão forçada pelo colapso do ex-doador, a União Soviética.

Enquanto as lojas estatais estão com apenas metade de suas capacidades, não há falta de produtos no mercado dos fazendeiros. Mas é caro.

O salário médio em Cuba é de apenas cem pesos por semana. Comprando duas mangas, quatro pimentões verdes e pouco menos de meio quilo de pepinos, o cliente gasta 60 pesos –cerca de três dias de salário. Mas, com o acesso a moeda mais forte, isto custa menos de US$ 3 dólares.

Sacrifícios

“Meu marido faz artesanato que vende a turistas, então posso pagar uma compra aqui”, disse uma das clientes.

Mas outros não têm esta renda extra. “Tudo se resume a fazer sacrifícios”, disse outra mulher.

Salários baixos, escassez de comida e pouco transporte público são as reclamações que dominam o local, muito mais do que questões de liberdade política.

Em um discurso transmitido pela televisão na semana passada, frente a uma multidão de 100 mil pessoas, Raúl Castro reconheceu que nem tudo está bem.

“Para ter mais, temos que começar a produzir mais… Para alcançar estes objetivos, precisamos de mudanças estruturais e conceituais”, disse.

Ventos da mudança

Raúl Castro também disse que o país poderá ter que apelar novamente para o investimento estrangeiro.

Muitos cubanos e observadores estrangeiros acreditam que isto seja um sinal de reformas ao estilo chinês, uma abertura da economia enquanto o controle político permanece.

E a agricultura deve ser o primeiro setor a sentir os ventos da mudança. Alguns fazendeiros já são donos de suas terras.

Mas Fidel Castro vai permitir que o país se afaste de seu amado ideal de fé na igualdade de direitos, onde cada homem deve ser igual, mesmo se todos forem pobres?

O comandante, como Fidel, 80, ainda é chamado em Cuba, continua se recuperando depois de uma série de operações no estômago.

Fotos recentes mostram que ele ganhou peso e parece estar ficando mais forte.

Editoriais

Nos últimos meses Fidel tem aumentado sua presença por meio de editoriais em jornais, chamados de “Reflexões do Comandante”. Cada um deles é lido na íntegra no noticiário da noite.

Em junho ele sugeriu que tudo o que o país precisa é de mais dedicação revolucionária.

“O padrão de vida pode ser melhorado se elevarmos o conhecimento, auto-estima e dignidade das pessoas. Será o bastante para reduzir o desperdício e a economia crescerá.”

No momento, o papel de Fidel Castro parece ser de um estadista idoso.

Sua mão parece não estar sobre o agricultor, mas sua presença continua imensa. Muitos acreditam que não podem ocorrer grandes mudanças em Cuba sem sua aprovação. Muito menos contra seus desejos.

FO

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
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