quinta-feira, 07/11/2024
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Proibido o cultivo da cana na Amazônia e no Pantanal

O anúncio do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, de que a União vai proibir o cultivo da cana-de-açúcar na Amazônia e no Pantanal foi bem recebido pelos produtores mato-grossenses. Somente para a cana, o Estado tem cerca de 2 milhões de hectares (ha) que podem ser incorporados à atividade, sem que novas áreas agricultáveis tenham de ser abertas. São hectares degradados e que estão localizados em municípios com economia exaurida, como, por exemplo, Tesouro, Torixoréu, Araguainha, Ponte Branca, Paranatinga, Guiratinga, Nova Brasilândia e outros ao longo das BRs 070 e 158.

Para se ter noção do potencial estadual, se a produção atual de cana – 14 milhões de toneladas (t) – fosse dobrada, seriam necessários mais 200 mil/ha, ou, 10% da área disponível.

“Ao contrário do que se imaginava, a proibição vem ao encontro daquilo que o setor defende, que é a recuperação de áreas de proteção permanente e preservação do meio ambiente, principalmente do nosso pantanal. Estamos prontos para mostrar ao mundo que sabemos o que fazemos e que temos competência para crescer de forma sustentável”, frisa o superintendente do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado de Mato Grosso (Sindálcool/MT), Jorge dos Santos.

Santos conta ainda que informações compiladas no Estado vão servir de base para o zoneamento nacional que o Ministério da Agricultura vai editar dentro de cerca de um ano.

“Pouca gente sabe, mas o Estado saiu na frente, está prestes a concluir uma legislação específica, o zoneamento agroecológico, ambiental, econômico e social, que servirá de base ao zoneamento que o Ministério está elaborando”. Ele reforça que a competitividade do produtor rural brasileiro é sempre maculada pelo mercado internacional por fatores ambientais e sociais, como denúncias de trabalho em condições degradantes e/ou escrava. “Estamos conscientes de que a aceitação do nosso produto vai depender do respeito ao meio ambiente e às condições humanas (sociais). Temos responsabilidade”.

Santos lembra que o segmento foi o primeiro a assinar com o governo do Estado um protocolo de recuperação de áreas de proteção. “Por isso, insisto: O anúncio da proibição casa com a nossa postura. Entendemos que o pantanal é um santuário da humanidade e que a Amazônia, com toda sua riqueza, não é local ideal ao cultivo da cana por fatores simples, como o alto índice pluviométrico (chuvas). Portanto, não é adequada e ninguém vai plantar cana lá”.

Atualmente, a produção mato-grossense está concentrada na porção médio norte, como exemplo, em Barra do Bugres e Nova Olímpia e na parte mais ao sul, como Jaciara e Juscimeira. Nesta safra 209 mil/ha estão cobertos com a cultura que deverá registrar produção de 14 milhões/t.

RETOMADA – Santos destaca que a expansão da cultura será a oportunidade para muitos municípios que, por algum motivo, não conseguiram emplacar uma vocação econômica, como os já citados Guiratinga, Tesouro e vizinhos às BRs 070 e 158. “A cana proporcionará a geração de riqueza e empregos e é uma cultura que protege o solo e requer menos produtos químicos”. Santos lembra que diferentemente da soja, por exemplo, a cana é uma cultura de ciclo longo e que rende cinco colheitas.

Ainda sobre o zoneamento estadual, o superintendente conta que a elaboração está na reta final, dependendo de uma análise de mapas que está sendo feita pelo IBGE e Embrapa. “Temos quatro biomas na realidade: Cerrado, Pantanal, Amazônia e Araguaia. Por isso, as análises terão se der muito bem-feitas. Assim que a sobreposição dos mapas estiver pronta, irá para a votação da Assembléia Legislativa”.

RESPOSTA – O ministro disse que em um ano estarão prontos mapas de zoneamento que indicarão a época e locais adequados ao plantio da cultura. “Vamos ter um zoneamento da cana com um mapa de restrições, proibindo o cultivo da cana nestes biomas e outros locais”. As regiões onde o zoneamento autoriza o plantio podem obter financiamentos à produção.

Stephanes disse que o governo estuda dar incentivos para o plantio da cana-de-açúcar em áreas abandonadas, especialmente em pastagens degradadas.

Outra providência será o lançamento de certificações socioambientais, com garantia de que o método de produção é adequado e justo, desde o plantio até a elaboração do produto final para exportação, que devem considerar inclusive as questões trabalhistas do setor de cana. “Vamos certificar todo o processo desde o plantio até a exportação, passando pelas questões trabalhistas”, afirma Stephanes.

As medidas são a resposta do governo às críticas de que a cana estaria avançando sobre áreas produtoras de alimentos e na região amazônica.

DC

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Parmenas Alt
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