O leite foi o principal vilão da inflação no município de São Paulo em junho. No mês passado, o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) apontou variação positiva de 0,55%, sendo que 44% dessa alta veio dos aumentos do leite e seus derivados, informou nesta quarta-feira a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP). Em maio, a inflação foi de 0,36%.
O grupo leite, em média, ficou 12,1% mais caro em junho, maior alta mensal desde julho de 2000 (quando foi apurada elevação de 14%). Sozinho, o produto teve peso de 34% no índice do mês. No geral, os preços na categoria Alimentação tiveram alta de 1,90%, maior índice mensal desde dezembro de 2002, quando ficou em 3,36%.
Ormuzd Alves/Folha Imagem
Preços de alimentação tiveram alta de 1,90%, maior índice mensal desde dezembro de 2002
A redução na captação de leite no mercado interno e a quebra da produção de países como Austrália e Nova Zelândia –estimulando as exportações– estão por trás dos aumentos do preço do produto.
Segundo análise do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP), “a queda na captação está relacionada à baixa qualidade da forragem (pasto) oferecida aos animais e, principalmente, à perda do poder de compra do produtor de leite doméstico em relação ao milho”, que compõe a ração do gado leiteiro.
Por conta deste choque de oferta no mercado doméstico, o coordenador da pesquisa de preços da Fipe, Márcio Nakane, elevou a previsão da inflação em 2007 de 3,7% para 4,2%. De janeiro a junho deste ano, o IPC acumula alta de 2,37%, quase o mesmo valor do ano fechado de 2006, quando a inflação foi de 2,55%.
Nakane, entretanto, avalia que este choque de oferta de produtos agrícolas, principalmente do leite, não deve persistir ao longo do segundo semestre. Para julho, a previsão é de uma inflação de 0,54%, e uma taxa média de 0,25% para cada um dos meses seguintes.
“A projeção de 4,2% para 2007 é compatível com um cenário de inflação mensal média de 0,25%, a partir de agosto, o que não é nada preocupante”, disse o coordenador da Fipe.
Outro fator de pressão neste ano, segundo Nakane, virá dos itens não-comercializáveis, relacionados basicamente a serviços. De acordo com ele, há uma aumento da demanda por serviços, reflexo das melhora dos indicadores econômicos e da renda doméstica.
Por outro lado, a redução de 12,66% na tarifa de energia elétrica dos consumidores residenciais atendidos pela Eletropaulo ajudará a conter o avanço da inflação em São Paulo. Embora a queda na tarifa vigore a partir de hoje, a Fipe vai captar efeito na inflação por três meses, sendo que o maior impacto negativo, de 0,41 ponto percentual, será sentido em agosto. Considerando julho e setembro, a pressão para baixo nestes três meses será de 0,53 ponto percentual.
Demais grupos
O menor índice no mês foi o observado na categoria Transportes, que encerrou junho com deflação de 0,16%. As demais categorias apresentaram as seguintes variações: Habitação (0,13%); Despesas Pessoais (0,61%); Saúde (0,23%); Vestuário (0,13%); e Educação (0,06%).
O IPC mede a variação dos preços no município de São Paulo de famílias com renda até 20 salários mínimos.
FO