Cientista política Camila Rocha avalia que a instabilidade do governo afasta grupo liberal do chefe do Executivo
Estudiosa da nova direita brasileira, a cientista política Camila Rocha avalia que a relação mantida por liberais e conservadores com o presidente Jair Bolsonaro está “muito fragilizada”. O grupo está descontente com os rumos da economia e a alta da inflação e acredita que a instabilidade política só piora as coisas. Apesar disso, há uma parte mais radical dessa direita que deve ir às ruas no dia 7 de setembro. São pessoas que acham que o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso agem “para prejudicar o governo”. Para Camila, Bolsonaro está “apostando todas as fichas nessa manifestação”.
Como está a relação entre Bolsonaro e a direita hoje?
Muito fragilizada. Com a pandemia, piorou. O governo está dependendo muito de forças que não são organizadas via política institucional, como parte das Forças Armadas e das polícias, e outra que até é organizada politicamente, como alguns setores dos evangélicos, mas cujo apoio é condicionado ao atendimento de certas demandas.
Bolsonaro vem apostando no 7 de Setembro como demonstração de força política. Que parte da direita vai embarcar nos atos?
O núcleo duro do bolsonarismo, que a gente calcula ser entre 12% e 15% do eleitorado. Fazem parte de uma direita mais radical, mas há pessoas não necessariamente extremistas, que enxergam o STF como uma Corte mancomunada com a esquerda, que age para prejudicar o governo. Sentem que Bolsonaro acaba ficando pressionado por um Congresso corrupto e tem que ceder para continuar no poder. E tem um setor importante que é o das Polícias Militares, historicamente ignoradas politicamente tanto pela esquerda quanto pela direita. Elas têm demandas trabalhistas reprimidas e veem no Bolsonaro uma voz que pelo menos parece ecoar suas demandas.
porAgência O Globo