Escutas feitas pela polícia com a autorização da Justiça lançaram suspeita sobre o ex-governador do Distrito Federal e senador Joaquim Roriz (PMDB-DF). De acordo com reportagem da revista “Época” deste final de semana, as gravações flagraram conversas entre Roriz e Tarcísio Franklin de Moura, ex-presidente do BRB (Banco de Brasília), preso há duas semanas durante a Operação Aquarela.
Numa das conversas, Roriz e Moura negociam a divisão de dinheiro no escritório de Nenê Constantino, presidente do Conselho de Administração da Gol, dono de uma frota de ônibus e de uma empresa prestadora de serviços para o governo do Distrito Federal.
De acordo com a reportagem, Moura diz a Roriz: “E de lá [do escritório de Constantino] sai cada um com o seu”.
Essa conversa foi gravada em 13 de março. Neste mesmo dia, segundo relatório do Coaf (Controle de Atividades Financeiras), vinculado ao Ministério da Fazenda, Constantino sacou R$ 2,2 milhões no BRB.
Para o Ministério Público, esse dinheiro teria sido dividido entre Roriz, Tarcísio e uma terceira pessoa a quem o ex-presidente do BRB chama de “chefe” nas conversas telefônicas gravadas com autorização da Justiça. O “chefe” seria Benjamin Roriz, primo do senador e ex-secretário de seu governo.
De acordo com a reportagem da “Época”, o assessor de Roriz deu duas versões para o negócio fechado no escritório de Constantino. Primeiro disse que Roriz teria descontado um cheque do BRB –operação que teria sido executada por Moura.
Depois, o assessor informou que Roriz pediu R$ 300 mil emprestados a Constantino para comprar parte de uma bezerra nelore da Universidade de Marília.
Como Roriz tem foro privilegiado, o Ministério Público enviou para a Procuradoria-Geral da República um pedido de investigação contra Roriz.
Cabe agora ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, decidir se requisita ao STF (Supremo Tribunal Federal) a abertura de inquérito criminal contra Roriz.
Outro lado
Procurado pela reportagem, o chefe-de-gabinete de Roriz, Valério Neves, informou que a transação entre o senador e Constantino foi “legal”.
Segundo ele, o empresário emprestou R$ 300 mil para Roriz comprar parte de uma bezerra nelore da Universidade de Marília, como informado pela revista.
FO