O presidente do Conselho de Ética do Senado, senador Sibá Machado (PT), anunciou hoje dia, 6, a abertura de processo disciplinar contra o presidente da Casa, senador Renan Calheiros (PMDB), por suposta quebra de decoro parlamentar.
Sibá informou também que os conselheiros escolheram o senador Epitácio Cafeteira (PTB) como relator do processo disciplinar, que foi solicitado pelo PSOL.
A possível quebra de decoro está relacionada à suspeita de que um lobista da empreiteira Mendes Júnior, Cláudio Gontijo, fazia pagamentos de pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem Renan tem uma filha.
O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM), apresentou aos conselheiros o resultados da pré-investigação que fez sobre o caso.
Antes do início da sessão, o PSOL criticou o que qualifica de falta de neutralidade de alguns senadores na análise preliminar do caso. As críticas foram feitas em nota distribuída a todos os conselheiros. O partido se disse preocupado com o rumo dos trabalhos e denuncia um “exacerbado espírito de corpo de alguns parlamentares”.
O PSOL critica declarações do corregedor-geral Romeu Tuma que na semana passada antecipou que quer “absolver, e não condenar”.
Nos bastidores, há uma disposição da maior parte dos senadores de absolver Renan sob o argumento de que não há provas de uso irregular de dinheiro. Há alguns dias, o objetivo era arquivar a representação no Conselho de Ética, mas aliados de Renan avaliaram que a alternativa seria ruim, pois indicaria uma operação abafa antes mesmo de apurar o caso.
Há duas semanas, a revista Veja publicou reportagem em que dizia que Gontijo pagava contas do peemedebista. Renan nega a acusação e afirma que o dinheiro pago a Mônica Veloso saiu de sua conta bancária.
“Ele não vai precisar do apoio de nenhum de nós, quem pode ajudar o Renan é ele mesmo. É só uma suspeita. A meu ver não há nenhuma prova de que tenha havido qualquer benefício para a empresa em que o amigo dele trabalha. O que estão fazendo com ele é uma tremenda injustiça”, defendeu o ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, em café da manhã com jornalistas nesta quarta-feira.
Veja as acusações contra o presidente do Senado:
Operação Navalha – As conversas gravadas pela PF apontam que o ex-secretário de Infra-estrutura de Alagoas, Adeílson Teixeira Bezerra, junto com outros acusados de integrar o esquema de fraudes em licitações de obras, articulavam para que Renan pressionasse a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, a liberar recursos para obras fraudadas.
Relação com lobista – A revista Veja publicou que de janeiro de 2004 a dezembro do ano passado o lobista Cláudio Gontijo, da construtora Mendes Júnior, teria pago pensão mensal de R$ 12 mil para uma filha de três anos que o senador tem com a jornalista Mônica Veloso.
Renan argumenta que o dinheiro da pensão vem de rendimento de atividades agropecuárias, que recebeu uma herança.
“Laranjas” – Já o jornal O Globo também publicou que Renan e seu irmão Olavo são acusados de ocultar que são donos de propriedades rurais na região de Murici, Alagoas. Dimário Cavalcante, primo de Renan, alega que vendeu ao senador a Fazenda Novo Largo, que não consta da declaração de bens entregue pelo senador à Justiça Eleitoral. A suspeita é de que Renan use “laranjas” para esconder ser donos de fazendas em Alagoas.
Fonte: Agência Estado