Foi preciso que uma aposentada de 70 anos demonstrasse coragem para a polícia começar a investigar uma quadrilha chefiada por uma mulher aliciadora de jovens e adolescentes viciados em drogas na região dos bairros Santa Amália, Santa Marta, Jardim Araçá e Santa Isabel de Cuiabá.
Os rapazes arrombam casas em busca de pertences das vítimas e os produtos furtados são trocados por drogas nas bocas-de-fumo do bairro Santa Isabel. A denúncia foi formalizada na Delegacia Metropolitana da Capital, após a aposentada ter sua casa arrombada.
A aposentada, que tem problemas auditivos, deslocou-se sozinha e de ônibus até a Delegacia de Roubos e Furtos, na rua Miranda Reis, no centro da Capital e, mesmo com dificuldade de se expressar, ela criticou a inação policial no bairro.
“A vítima solicitou urgência na prisão dos envolvidos. Ela disse não saber mais o que fazer. Disse estar refém dos criminosos”, explicou uma policial de plantão na Delegacia Metropolitana.
Diante da denúncia, o Serviço de Inteligência do 1o Batalhão designou uma equipe para investigar os arrombamentos. Os policiais acreditam que os moradores dos bairros e até mesmo as vítimas evitam denunciar os casos temendo represálias. Sem a ação policial, os criminosos agem impunemente.
Segundo a aposentada, no domingo de madrugada, os criminosos invadiram sua casa, no jardim Santa Amália, de onde levaram R$ 350, dinheiro este referente a aposentadoria que recebera no sábado. A vítima disse estar sem saber o que fazer, pois o dinheiro roubado é o único de que dispunha para o seu sustento. Ela disse que esta não é a primeira vez que fica a mercê dos bandidos.
A mulher acrescentou que os ladrões são viciados em pasta-base ou maconha, todos moradores em bairros adjacentes. A chefe do bando é uma mulher conhecida como “Maria”, moradora num bairro próximo. Ela seria responsável pela escolha das casas. Quando as vítimas saem para trabalhar o dia todo e deixam suas casas fechadas, os viciados, então, entram e furtam o que querem.
As vítimas só descobrem que foram furtadas no início da noite, quando retornam do serviço. Em alguns casos, os vizinhos sabem quem praticou o arrombamento, mas com receio de represálias, acabam dizendo que não viram quem praticou o crime.
A delegada Cleibe de Paula, da Delegacia do Complexo do Verdão colocou uma equipe para investigar o caso. Segundo ela, uma das maiores dificuldades para esclarecer esse tipo de crime é que as vítimas não falam sobre os criminosos. “Temos que pegar mais detalhes com essa aposentada”, explicou. Na Delegacia, há dezenas de registros de arrombamentos de casas nos bairros próximos de onde a aposentada mora.
DC