Na série de depoimentos prestados desde a semana passada ao juiz da 2ª Vara Federal de Mato Grosso, Jeferson Schneider, em Cuiabá, o empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin acusou pelo menos 60 deputados de envolvimento com a máfia dos sanguessugas – esquema de venda de ambulâncias superfaturadas para prefeituras com dinheiro de emendas parlamentares. Vedoin, que é um dos sócios da Planam – apontada como principal operador do esquema – afirmou, por meio de seu advogado, possuir provas das denúncias envolvendo parlamentares.
Segundo declarou ao jornal O Estado de S.Paulo um dos defensores de Vedoin, Otto Medeiros, o empresário possui comprovantes bancários de depósitos em conta corrente de deputados federais. De acordo com Medeiros, era dessa forma que parlamentares recebiam propina para liberarem as emendas.
Luiz Antônio Vedoin, assim como seu pai e principal sócio da Planam, Darci Vedoin, optaram por contar à Justiça tudo o que sabem para obter redução de pena mediante o benefício da delação premiada. Os recibos de depósito bancário, bem como quatro caixas com novos documentos sobre o caso, já estariam em poder da Justiça.
Ontem, o presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), e outros parlamentares foram até Cuiabá na esperança de ouvirem Luiz Vedoin pessoalmente. Souberam que poderão inquirir o empresário somente após a conclusão de seu depoimento à Justiça, mas receberam a promessa de envio da íntegra da fala à CPI já nesta semana.
Para Biscaia, há provas “contundentes” das denúncias de Vedoin. “As revelações estão sendo amparadas por provas documentais e tudo isso vai facilitar o trabalho da CPI”, disse Biscaia.
Para o vice-presidente da CPI, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), as revelações de Luiz Vedoin são “aterradoras”. “O que ele está dizendo é aterrador. É um esquema criminoso que envolve 19 Estados e de 60 a 80 parlamentares”, avaliou Jungmann.
A CPI já notificou 15 parlamentares que respondem a inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposto envolvimento na máfia dos sanguessugas. Entre eles, que têm até sexta-feira para apresentar defesa por escrito à comissão, estão João Caldas (PL-AL), Wanderval Santos (PL-SP), José Divino (PMDB-RJ), Tetê Bezerra (PMDB-MT), Lino Rossi PP-MT) e Nilton Capixaba (PTB-RO).
Hoje, os parlamentares da CPI pretendem ouvir em Cuiabá Darci Vedoin, o marido de sua filha Alessandra, Ivo Marcelo Espíndola e o empresário Ronildo Medeiros. Ontem, a ex-funcionária da Planam e ex-assessora do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino mas sua fala foi considerada “pouco produtiva”.
Redação Terra