O presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou nota nesta sexta-feira repudiando as declarações do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que disse que o Senado brasileiro agia “como um papagaio” do Congresso americano. Em nota divulgada pelo Itamaraty, Lula diz que país vai convocar o embaixador da Venezuela no Brasil, Julio Garcia Montoya, a prestar esclarecimentos sobre as declarações de Chávez.
“Enquanto aguarda a transcrição das referidas declarações [de Chávez], o presidente Lula determinou que o Ministério das Relações Exteriores convoque o embaixador da Venezuela no Brasil para os indispensáveis esclarecimentos”, diz nota do Itamaraty.
Procurado pela reportagem, Montoya informou por meio de funcionários da embaixada que não comentaria a declaração de Lula.
Em nota, Lula reafirma apoio ao Congresso brasileiro –alvo das críticas de Chávez. “O presidente Lula reafirmou seu total apoio às instituições brasileiras e expressou seu repúdio a manifestações que coloquem em questão a independência, a dignidade e os princípios democráticos, que norteiam essas instituições”, diz a nota.
Antes de divulgar a nota, Lula disse em Londres que Chávez “tem que cuidar da Venezuela”. “Eu tenho que cuidar do Brasil e o presidente [George W.] Bush tem que cuidar dos Estados Unidos”, disse ele segundo assessores do Itamaraty ao ser questionado se iria responder às críticas de Chávez ao Congresso brasileiro.
Chávez disse ainda que que era mais fácil o Brasil voltar a ser colônia portuguesa do que o seu governo devolver a concessão ao canal oposicionista RCTV.
As declarações do presidente venezuelano foram em resposta a um requerimento aprovado pelo Senado anteontem à noite com um pedido para que o presidente venezuelano devolva a concessão ao canal oposicionista RCTV, que terminou no domingo e não foi renovada.
Na ocasião, Chávez ainda elogiou o presidente Lula, mas disse que o Congresso brasileiro reúne “representantes da direita”.
Na terça-feira, Lula evitou comentar a decisão de Chávez de fechar a RCTV. “O que o Brasil tem a ver com essa concessão? É um problema da legislação venezuelana. Da mesma forma que eu não quero que eles [os venezuelanos] dêem palpite nas coisas que eu fizer aqui”, afirmou o presidente na ocasião.