domingo, 24/11/2024
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Traição pode fazer bem ao relacionamento? Nós provamos que sim

A infidelidade pode ser reflexo que algo não vai bem no relacionamento; pode ser uma chance de melhorar?

A traição, para a maioria das pessoas, causa decepção, raiva, mágoa, dor. No entanto, em certas situações, o sofrimento provocado por uma infidelidade pode ser o “impulso” que faltava para uma relação problemática dar uma guinada ou ruir de vez.

“Há várias razões que levam alguém a trair, como desejo de aventura, necessidade de sentir desejado, diminuição da paixão, etc. A traição , de modo geral, sinaliza que algo não vai bem naquele relacionamento. Assim, quando ela vem à tona, acaba revelando lacunas na vida a dois que ambos ignoraram com a crença de que com o tempo tudo melhoraria”, comenta a psicóloga clínica Joselene L. Alvim, especialista em Neuropsicologia pelo setor de Neurologia do HCFMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).

Dessa forma, a traição pode, sim, gerar benefícios para os envolvidos, ainda que de uma maneira meio “torta”. Duvida? Veja só alguns efeitos positivos:

Chance de alinhar expectativas

Para Joselene, a traição possibilita conversar francamente sobre o que cada um espera do relacionamento, pois há casais em que um tem expectativas sobre o outro, mas que nunca foram ditas, considerando que o par já deveria sabê-las. Então, quando estas expectativas não são atendidas, gera frustrações e que, para alguns a saída é a traição. 

Ponto final numa relação “arrastada”

Uma infidelidade pode ajudar a encerrar um ciclo de sofrimento em uma relação problemática que vem se arrastando com muitas brigas, mesmo que permeadas com tentativas de reconciliações.

“A traição, em muitos casos, funciona como o empurrão que faltava para sair de uma convivência abusiva e até mesmo patológica ou em situações em que o término era mesmo inevitável, mas havia a necessidade de um acontecimento para determinar o fim”, fala Marina Prado Franco, Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).

Escancarar o que não andava bem

Conforme a experiência em consultório da terapeuta de casal e de família Carmen Cerqueira Cesar, muita gente vai tocando a vida em frente, sem questionar ou se comunicar de verdade com o par, deixando de resolver os problemas que aparecem e evitando procurar as causas de muitas insatisfações.

“Aí aparece ‘do nada’ uma traição! Nossa, que susto, não? Claro que não, pois a infidelidade sempre foi uma tragédia anunciada que um dia irrompe como um grito de alerta”, diz Carmen, que recomenda, passado o choque e o desgaste inicial, que o casal tente  compreender o significado do que aconteceu.

“A traição em si pode ser apenas um sintoma, ou seja, aquilo que pôde aparecer, a ponta do iceberg. Por baixo estão todas as questões negligenciadas há anos. As emoções são energia pura e precisam encontrar meios de se expressar. E, em alguns casos, a traição ocupa esse papel nas situações em que faltou diálogo e capacidade de ir resolvendo os problemas conforme eles iam surgindo”, explica.

Percepção de que a atenção dada à relação é insuficiente ou até mesmo nula

Apesar de não ser a saída para as crises conjugais, a traição também pode – e deve – levar o casal a refletir e avaliar a relação, o que possibilita vê-la sob um prisma positivo que revela o que não estava indo bem no relacionamento e que nem sempre era perceptível para um dos lados.

“Mas vai depender da maturidade de cada um para encarar o resultado da traição, pois diante da mesma não há um padrão de comportamento de como o casal deve agir. Aspectos como tempo de relacionamento, tipo de sentimento e até mesmos os pactos íntimos devem ser contabilizados na hora de relevar ou não uma traição”, afirma Joselene.

Oportunidade de crescimento

Um velho clichê prega que a gente aprende pelo amor ou pela dor. A traição, embora bastante dolorosa, pode ser a chance que o casal precisava para evoluir.

“Apesar de a traição ser traumática e mesmo dramática para muitos, se o casal se amar de verdade e tiver coragem e maturidade para enfrentar a dor da quebra de confiança, a sensação real ou imaginada de desamor e de exclusão e o sentimento de culpa, pode aproveitar o fato como uma plataforma de lançamento da relação para um nível muito mais elevado de satisfação”, pondera Carmen. Isso porque, ao abrir o jogo sobre os ruídos do relacionamento, homens e mulheres podem decidir juntos estratégias para “consertá-los”.

A relação sai do “modo” superficial

Segundo Carmen, diversas pessoas não têm o hábito ou a possibilidade de olhar para dentro de si mesmas, assumindo o protagonismo da própria vida, nem buscam conhecer verdadeiramente o outro, mantendo-se num relacionamento superficial.

Isso se sustenta por um tempo, mas não no longo prazo. Porque é normal aparecerem problemas na relação que precisam ser expostas e conversadas, caso contrário o efeito cumulativo vai culminar em desentendimentos, agressões, silêncio e afastamento.

“Com dificuldade para se expressar ou discutir a relação , as pessoas acabam agindo de modo indireto. Como falta coragem de dizer para o outro que a relação não está legal ou que acabou, partem para a atuação, ou seja, colocam sua insatisfação em ação: traem para fazer eclodir os problemas ou para precipitar o término, num mecanismo muitas vezes  inconsciente”, observa a terapeuta.

Forçar um desfecho

Há quem se sinta sufocado ou decepcionado em um casamento, mas não tenha coragem de colocar um ponto final. A traição pode “impor” uma conclusão. É um jeito pouco saudável de resolver as coisas, mas acontece muito frequentemente. Para Marina, trair também é uma maneira de chamar a atenção do outro após tentativas frustradas de conversar sobre insatisfações. “Quando alguém não se sente ouvido, a traição é uma fuga e um recurso para alertar o par”, diz.

Fim da idealização

Na opinião de Rosângela Matos, coach especialista em relacionamentos, a traição coloca por terra a ideia romantizada do “felizes para sempre”. “Muitos acham que, depois do casamento, nada mais precisa ser feito. Essa é o caminho para uma relação ruim. Casamento é construção e disposição, é a vontade de entrar em sintonia, aprender junto, lidar com as diferenças de uma maneira saudável e buscar ter seus desejos e necessidades emocionais e sexuais supridas. Tudo isso é feito a longo prazo, com ajustes que não acabam nunca. A traição permite fazer um balanço em que ambos têm a oportunidade de colocar todas as cartas na mesa e falar o que precisa ser diferente”, conta.

Buscar ajuda especializada

Como sintoma de diversas coisas que não vão bem na relação, a traição pode funcionar como um gatilho para os dois buscarem o apoio de uma terapia de casal”, diz Marina. “Essa decisão, obviamente, depende muito dos limites de ambos e do quanto estão dispostos a continuar juntos e se acertarem”, completa.

“É difícil para os envolvidos sair da emoção e dialogar, fazer novos acordos e lidar com suas próprias dores e mágoas. Através da terapia de casal consegue com mais facilidade mudar comportamentos nocivos para relação, superar a traição e ter uma comunicação mais madura e assertiva”, endossa Rosangela.

Fonte: undefined – iG @ https://delas.ig.com.br/amoresexo/2020-05-

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Parmenas Alt
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A estrada é longa e o tempo é curto. Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as consequências destas ações.
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