A Casa Branca confirmou que autoridades dos dois países vão se encontrar em Bagdá nas próximas semanas.
Os EUA afirmaram que concordam em se encontrar com iranianos desde que o assunto da reunião se limite a questões relacionadas ao Iraque.
Conversas entre Irã e Estados Unidos, que acusam Teerã de fornecer equipamentos e treinamento a militantes xiitas no país vizinho, são raras. Os dois países não mantém relações diplomáticas desde 1979.
“Com o objetivo de atenuar a dor do povo iraquiano, apoiar o governo iraquiano e fortalecer a segurança no Iraque, o Irã vai conversar com o lado norte-americano em Bagdá”, disse Mohammad Ali Hosseini, porta-voz da chancelaria, à Irna.
Contatado pela Reuters, o escritório de Hosseini confirmou as declarações.
À Irna, ele disse que “o local das conversas definitivamente é o Iraque, (mas) a data exata e o nível do time negociador ficarão claros até sexta-feira.”
Teerã nega dar apoio à insurgência no Iraque e acusa Washington de provocar tensões entre xiitas e sunitas iraquianos. Analistas dizem que Washington e Teerã estão igualmente preocupados com a violência, o que os empurra para uma reunião.
Os chanceleres Manouchehr Mottaki e Condoleezza Rice trocaram amabilidades neste mês durante um almoço ocorrido no intervalo de uma conferência no Egito a respeito do Iraque. Mas os dois ministros não mantiveram discussões substanciais.
A conferência juntou vizinhos do Iraque, inclusive Irã e Síria, e também autoridades de outras potências mundiais. Em março, numa reunião semelhante, o primeiro-ministro iraquiano, Nuri Al Maliki, cobrou dos vizinhos do país mais empenho para conter a violência que já matou dezenas de milhares de pessoas.
Hosseini disse que a decisão iraniana de conversar com seu maior inimigo foi tomada ao final de várias semanas de intenso “lobby” por parte de Bagdá, que vinha tentando convencer o Irã a esse diálogo.
Muitos especialistas dizem que o Irã pode ter grande importância na estabilização do Iraque, e que isso pode ser uma importante área de convergência entre Teerã e Washington.
Ambos os lados admitem terem feito reuniões bilaterais nos últimos anos para discussões específicas sobre o Afeganistão, outro vizinho do Irã onde os Estados Unidos estão militarmente envolvidos.
Por outro lado, Washington lidera os esforços internacionais para isolar o Irã devido ao seu programa nuclear, o qual Teerã diz ser totalmente pacífico –algo de que os EUA e outras potências desconfiam.