A estimativa de recorde de safra de 130,7 milhões/t de grãos divulgada hoje (8/5) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) não é sinal de recuperação do setor produtivo. A avaliação é do presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Macel Félix Caixeta. Para ele, o crescimento de 8,2% (9,9 milhões/t) sobre a safra passada não será suficiente para melhorar a situação de endividamento e perda de renda dos produtores. “O resultado alcançado é histórico, mas o governo continua pensando somente na colheita, e se esquecendo de quem produz”, comenta.
Caixeta destaca ainda que a safra recorde não trará rentabilidade suficiente para liquidar as dívidas do passado, porque os preços estão achatados. “Os preços pagos aos produtores mal cobrem os custos de produção”, lembra. Segundo ele, para mudar esse quadro, o governo tem de definir uma política agrícola que garanta mecanismos de sustentação de preços e de renda.
“O governo só pensa nos números que saem da lavoura, e não considera o que precisa ser feito nos processos da cadeia produtiva. Se isso fosse feito, o Brasil daria um show de produção e poderia se tornar o maior produtor agrícola do mundo”, desabafa Caixeta. E finaliza: “Poderíamos produzir muito mais alimentos e aumentar nossa contribuição positiva para o saldo da balança comercial se tivéssemos segurança para produzir”.
Agência CNA