Em depoimento à polícia, Lucas do Santos disse que recebeu mensagens do celular da mãe pedindo que o pastor Anderson do Carmo fosse morto.
Em um de seus depoimentos à Polícia Civil, Lucas Cézar dos Santos de Souza, filho adotivo da pastora e deputada federal Flordelis dos Santos de Souza e de Anderson do Carmo, afirmou que, três meses antes do crime, recebeu mensagens enviadas do celular da própria mãe pedindo que ele matasse o pai. O rapaz relata ainda que era comum várias pessoas na casa usarem o telefone da parlamenta.
Lucas foi indiciado pela Polícia Civil por participação no crime. De acordo com a investigação, ele ajudou o irmão, Flávio dos Santos Rodrigues, a comprar a pistola usada para executar o marido de Flordelis . Lucas afirma que não sabia que a arma seria usada no crime. Nesta sexta-feira, a morte do pastor Anderson completa dois meses.
Lucas relatou aos agentes que horas após ter recebido as mensagens, ligou para o telefone da mãe e soube que a pastora não estava em casa, pois a ligação não foi atendida por ela. O rapaz contou que esteve na residência da família, no mesmo dia, e mostrou as mensagens para Flordelis, que ficou nervosa.
O filho da pastora também revelou que na véspera do dia em que recebeu as mensagens, uma de suas irmãs adotivas, Marzy, lhe procurou e ofereceu R$ 5 mil para que ele matasse Anderson . De acordo com Lucas, no início da conversa, a irmã afirmou que Anderson estava insuportável e ninguém mais aguentava ele na casa. Lucas disse que se negou a fazer o que a irmã lhe pediu e alegou que não tinha porque fazer nada contra Anderson, pois tudo que ele precisava, o pai lhe dava. Marzy Teixeira da Silva, de 35 anos, é uma das filhas adotivas de Flordelis.
O rapaz também relatou que na mesma época, foi chamado na casa da família, de madrugada, pela mesma irmã adotiva. A mulher o recebeu no portão, no lado de fora da casa, e perguntou se ele “faria” o Anderson. Nessa ocasião, Lucas afirma que a irmã lhe ofereceu R$ 5 mil e afirmou que ele poderia ficar com os relógios do pastor . Ele se recusou a cometer o crime e afirma ter ficado desesperado, com medo que o pastor fosse morto e ele, responsabilizado pelo crime. Lucas também afirmou aos policiais que o celular que utilizava na época em que recebeu as mensagens não era o mesmo que utilizava atualmente, antes de ser preso.
Procurada, a assessoria de imprensa de Flordelis afirmou que ela e a filha não comentariam o depoimento de Lucas.
Na noite dessa quinta-feira (15), Lucas e Flávio foram denunciados pelo Ministério Público estadual pelo crime de homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima). Flávio é acusado de ter atirado contra o pastor. Ele confessou o crime. Já Lucas nega envolvimento no assassinato. O inquérito da Delegacia de Homicícios de Niterói e São Gonçalo foi desmembrado para prosseguir com as investigações em relação a outras pessoas que podem ter envolvimento com o caso, entre elas Flordelis.
Em coletiva de imprensa realizada nessa quinta, a delegada titular da DH Niterói, Bárbara Lomba, não descartou a participação da deputada na morte de seu marido.
“O crime foi cometido em um ambiente familiar e há outros envolvidos (além de Flávio e Lucas) e há uma motivação final. O contexto todo da família está sendo investigado. E a deputada faz parte da família”, afirmou a delegada.
Bárbara revelou ainda que a polícia acredita que a motivação do crime esteja relacionada à questão financeira: “de uma forma geral, o que há nesta altura da investigação é que a motivação seria por razões financeiras, de administração de bens. Então, isso seria uma das linhas. Então, uma das qualificadoras do crime seria por motivo torpe por essa razão”.Link deste artigo:https://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2019