Em uma ação emergencial, não partidária, artistas se unem e convidam a população para arrecadar alimentos aos professores do Estado de Mato Grosso, com o show “Lição de Amor”. Os trabalhadores estão passando fome, após ter o ponto cortado por conta da greve, que já dura mais de 70 dias. O Evento será realizado no dia 11 de agosto, ás 20h, no Teatro Cerrado Zulmira Canavarros, com o grande elenco André D`Lucca, que traz “Almerinda Lowsbi”, Eduardo Butakka, com a “Professora Geisa”, a cantora Estela Ceregatti, o maestro Fabrício Carvalho, o cantor Henrique Maluf, a poeta Luciene Carvalho e Romeu Benedicto, com “Totó Bodega”. A entrada será de 2 kg de alimentos não perecíveis.
Pelo menos dois mil profissionais decidiriam aderir a paralisação das atividades por tempo indeterminado. Greve proposta pelo Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), em Assembleia Geral, no mês de maio, por melhores condições de trabalho e aumento salarial. Porém, quem aderiu teve os pontos cortados, ficando sem recebimento de salário.
“O espetáculo é uma ação solidária, pois a maioria dos professores não tem outra fonte de renda e alguns nos procuraram pedindo ajuda. Então nós decidimos fazer este show com o objetivo de arrecadar uma tonelada e meia de alimentos aos nossos amigos professores”, destaca André D`Lucca, que também é responsável pela direção do espetáculo.
Este show é uma produção do Sintep, que será realizado no Dia dos Pais, e contará com três premiados nomes da música mato-grossense, que são o maestro Fabrício Carvalho, Estela Ceregatti e Henrique Maluf.
“Para mim é uma honra muito grande participar de um espetáculo importante como este. Primeiro pela motivação, pois quando a gente fala sobre alimentação é uma coisa muito séria. Quando a arte tem a possibilidade de contribuir é mais importante ainda. É um momento complexo da Educação e que a gente precisa se irmanar com aqueles que precisam colocar comida em casa em função de tudo o que está acontecendo, e ao lado de gente muito especial”, destaca o maestro Fabrício Carvalho
Dentre as músicas de Estela Ceregatti, “Amor em dias de cólera” é uma canção autoral que roga pelo amor entre os povos e condiz com o momento, cuja letra fala: “Eu estava em casa, olhei para a janela e vi o céu desbotar, mas me veio a graça, minha raça cor na certa, colorindo a fronte e o ar. Deixa o índio ser, deixa ele ser e crescer. Deixa o negro ser, deixa ele ser, permanecer, deixa o homossexual ser, deixa o ser humano viver. Deixa o nordestino ser, deixa florescer neste árido chão, deixa a nossa mata ser, deixa ser e não tolhe a vida pela raiz. Deixa a mulher, deixa amamentar os seus sonhos com as próprias mãos, deixa a educação ser, deixa eu ter meninos munidos de almas, deixa o amor ser, deixa eu viver em liberdade”.
No teatro entra em cena o humor dos atores André D`Lucca, com a rica e emergente Almerinda, o galã cuiabano Totó bodega, por Romeu Benedicto, que trará a nostalgia de sua época de escola, e a paródia da professora Geisa, de Eduardo Butakka, que faz uma sátira a esse momento em que os professores não tem mais autoridade em sala de aula. Onde os pais cobram que eles ensinem e que também eduquem seus filhos, os quais são chamados por ela de “lindeza” e “beleza”.
A Geisa é a caricatura de um dia comum de uma aula de um professor do ensino fundamental e médio no Brasil, que está sempre a beira de um ataque de nervos, muito estressada e irritada porque ela tem que ficar educando as crianças que são mal educadas e desinteressadas. Além de ganhar mal, ter condições ruins de trabalho e falta de apoio dos pais, que ficam contra ela quando reclama dos alunos. Enfim, é uma professora que está no limite.
A imortal da Academia Mato-grossense de Letras, Luciene Carvalho, representa a literatura de um jeito único com a militância e a atitude ativista da poesia com uma apresentação de sensibilização do conteúdo e da natureza do humano.
Ela traz o quanto o humano está distante do humano, e percebe que é uma questão do educar, do colaborar, do respeitar, falar, versar e conversar. “Esses verbos no infinitivo estão muito presentes na minha cabeça. Os professores não estão ensinando. O governo não está entendendo o motivo. O gerúndio se perdeu. A possibilidade do infinitivo me remete à poesia”, diz Luciene Carvalho.
“Este espetáculo é uma questão de humanidade. Sou romântico, sou utópico, sou poético sim. Aprendemos muitas lições durante toda a vida e a maior delas que o ser humano pode aprender e passar é uma ‘Lição de Amor’. Acredito nisso e passo aos meus filhos o amor ao próximo. É com este espírito que estamos juntos neste espetáculo. Venham! Vai ser lindo!”, convida o ator, Romeu Benedicto.
— Beatriz Saturnino