Falta de salas de aula, esgotos a céu aberto invadindo instalações, superlotação de alunos, patrimônio depredado e falta de professores. Este é o retrato da educação brasileira, que vive uma situação cada vez mais caótica e desesperadora.
Além do sucateamento estrutural, estudiosos apontam que os baixos salários oferecidos aos professores contribuem ainda mais para a péssima qualidade do ensino vigente, pois os docentes têm que se deslocar para inúmeras escolas e não dispõem de condições para se reciclar.
Mesmo com a inclusão de uma nova série no ensino fundamental, disciplinas como Educação Moral e Cívica e Organização Social e Política do Brasil (OSPB) foram retiradas da grade curricular. Na análise de especialistas, isto fez com que a escola perdesse o importante papel que sempre teve, de não apenas ensinar, mas também formar cidadãos.
Em recente reunião com educadores, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, queixou-se da qualidade do ensino no País.
– Estamos no pior dos mundos
– disse Lula, defensor de avaliações periódicas nas escolas.
Dificuldades cotidianas
Tristes com o abandono das escolas e por verem seus filhos com dificuldades de aprendizado, muitos pais concordam com a definição do presidente. A vendedora Edenise Almeida é um exemplo disso. Moradora de Parada Angélica, bairro de Duque de Caixas, no Rio de Janeiro, é uma das vítimas do descaso. Com a depredação do colégio em que estudavam seus três filhos, ela foi obrigada a matriculá-los em um Ciep numa zona de risco da cidade, na qual 300 alunos de um total de 800 desistiram de estudar.
– Eles estudavam no final da rua, próximo à minha casa, o que não me causava nenhuma preocupação. Agora, estão numa área perigosa. Vão para escola às 13h e, muitas vezes, voltam às 14h, sem terem aula por falta de professores. Isso faz com que eles não aprendam nada – protesta.
A Escola Estadual Parada Angélica está completamente corroída e abandonada. Logo na entrada, lê-se uma faixa comemorativa em que os moradores agradecem o “começo” das obras que ainda não vieram. Ao entrar no antigo colégio (fotos ao lado), sobraram apenas restos do que um dia foi uma sala de aula, ao lado do lixo e das fezes de ratos. Janelas e portas sumiram. Edenise ressalta ainda que as instalações do colégio, onde as salas de aula deveriam ser usadas pelos alunos, acabam tendo outro destino.
– À noite, fica perigoso passar perto da escola abandonada. Hoje ela serve de hotel – confidenciou.
Os problemas educacionais também se fazem presentes nas regiões Norte e Nordeste, em larga escala. Na Ilha de Marajó, no Pará, as classes das escolas-de-fazenda são multisseriadas. Faltam profissionais, pois professores têm que ensinar alunos das quatro séries do ensino fundamental em uma única sala de aula, tornando árduo o processo de aprendizagem.A região Nordeste apresenta os maiores índices de analfabetos entre 15 e 29 anos. Segundo a Agência da Câmara, os municípios nordestinos têm uma taxa de 12% de analfabetos nessa faixa etária, enquanto nas demais regiões o índice é de 2,6%. O ministro da Educação, Fernando Haddad disse que um Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) será lançado ainda neste mês e priorizará a queda dos números na região.
Violência
Educadores estão cada vez mais escassos na rede pública de ensino e os que nela atuam ainda têm que enfrentar um problema paralelo: a violência. No ano passado, a maioria presenciou pelo menos um caso desse tipo dentro da escola. Em levantamento realizado pela Apeoesp (sindicato dos professores da rede de ensino de São Paulo), 86,8% dos docentes afirmaram ter observado pelo menos um caso de violência durante o ano. Ao apontarem quem já foi protagonista de uma cena de agressividade, os dados indicaram os alunos com 93% das agressões, além de desconhecidos (32%), pais (25%), professores (16%), diretores (11%) e funcionários (10%).
– A aprendizagem ocorre em uma relação harmônica. Mas, infelizmente, as condições (de trabalho) em que a gente está submetido levam à degradação dessa relação – afirma Carlos Ramiro, presidente da Apeoesp.
A Secretaria de Educação de São Paulo lamentou o fato de não ter sido informada sobre a pesquisa. Ela ressaltou, porém, que, entre 2005 e 2006, os índices de violência nas escolas da rede caíram 15%.
Em Mato Grosso, tivemos recentemente um dos nossos municipios citado como um dos piores do Brasil, e em muitos outros, as crianças enfrentam sérios problemas para poderem chegar a sala de aula, tendo que enfrentar transportes em péssimas condições, alem de barcos ou canoas e quando conseguem chegar nas salas de aulas não conseguem acompanhar por estarem cansadas e por terem perdido tempo na viagem é lamentável onde iremos parar?
FU/Redação