Poucos títulos podem ser mais irônicos do que “Happy End”, filme de Michael Haneke que representou a Áustria no Oscar. O tema do suicídio é recorrente e o a obra começa com uma personagem de 13 anos matando seu hamster com comprimidos que eram tomados pela mãe depressiva.
A obsessão pela morte é constante com a própria menina tentando se matar ao descobrir que o pai trai a segunda esposa e ainda com o seu avô realizando duas tentativas, fugas de uma família repleta de problemas. O que impressiona é como o tema é tratado com naturalidade.
A estética do filme se vale de celulares e mídia social como mecanismos de comunicação entre personagens que mal se falam e que pouco se relacionam entre si. Curiosamente é um dos melhores e mais diretos diálogos é justamente entre a menina e o avô, ambos responsáveis por assassinatos.
Numa sociedade em que os suicídios deixaram de ser fatos curiosos ou distantes para entrar praticamente nas rotinas de todos, seja no trabalho ou na família, o filme levanta pontos essenciais sobre como como e por que a existência parece se tornar cada vez menos atraente para muitos.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. |