sexta-feira, 22/11/2024
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Marinheiros britânicos detidos passam por interrogatório, diz Irã

O Irã negou nesta segunda-feira que planeje trocar os 15 marinheiros britânicos detidos na sexta-feira (23) por prisioneiros iranianos no Iraque, e afirmou que os militares passam por interrogatório para comprovar se invadiram intencionalmente as águas iranianas.

Forças americanas no Iraque detiveram recentemente cinco iranianos em um escritório em Irbil, a capital da região autônoma do Curdistão, no Iraque. Os iranianos são acusados de fornecer armas e dinheiro a insurgentes que atuam no país.

Em comentários a uma rede de TV, o vice-ministro iraniano das Relações Exteriores, Mehzi Mostafavi, afirmou que o grupo de marinheiros está sendo interrogado. “É preciso esclarecer se eles entraram [em território do Irã] intencionalmente ou de forma não-intencional. Depois que isto ficar claro, tomaremos a decisão que for necessária”, afirmou Mostafavi.

As declarações parecem a primeira indicação de que Teerã quer evitar confronto direto com o Reino Unido a respeito do episódio, que causou tensão diplomática entre os dois países.

O Irã alega que os britânicos entraram ilegalmente em águas territoriais iranianas, mas o Reino Unido nega, dizendo que os marinheiros realizavam uma inspeção de rotina em águas do Iraque na região do canal de Shatt al Arab, localizado na fronteira sul entre Irã e Iraque.

Nessa segunda-feira, o Reino Unido afirmou que o Ministério iraniano de Relações Exteriores garantiu a segurança do grupo de marinheiros durante reunião com o embaixador britânico em Teerã, Geoffrey Adams. “O Irã assegurou que nossos homens estão bem, mas não forneceu detalhes neste momento”, disse o ministério britânico.

Segundo o ministério, Teerã informou ainda a Adams que está trabalhando para resolver o impasse “o mais rápido possível”.

Ontem, o ministro de Relações Exteriores do Iraque, Hoshiyar Zebari, pediu que o Irã liberte os 15 marinheiros em um telefonema feito a seu colega iraniano, Manouchehr Mottaki. “O ministro pediu que os detidos sejam liberados, e que o Irã lide de maneira inteligente com o caso”, diz um comunicado iraquiano a respeito do incidente, que causou tensões diplomáticas entre Irã e Reino Unido.

Reino Unido

O premiê britânico, Tony Blair, qualificou o incidente de “injustificado e equivocado”, e disse que os militares estavam em águas territoriais iraquianas quando foram detidos.

Ao falar durante um encontro de líderes europeus em Berlim, Blair negou que os marinheiros tenham entrado ilegalmente em águas iranianas. “Isso simplesmente não é verdade”, disse.

“Quero resolver essa situação pela via diplomática o mais rápido possível”, disse Blair. Ele afirmou ainda que espera que os iranianos “entendam o quanto essa crise é fundamental para o governo do Reino Unido”.

A ministra de Relações Exteriores do Reino Unido, Margaret Beckett, “demonstrou preocupação com a detenção dos soldados britânicos e pediu acesso consular a eles no Irã” durante conversa telefônica com Mottaki, informou Mansour Sadeghi, porta-voz da missão da ONU (Organização das Nações Unidas) no Irã.

Neste domingo, Mottaki afirmou que poderá conceder acesso britânico aos 15 marinheiros detidos pelo governo de Teerã quando a investigação estiver concluída.

O Reino Unido e o Irã viveram um incidente similar em 2004, quando o regime de Teerã manteve detidos durante três dias oito militares britânicos acusados de entrarem de forma ilegal em águas territoriais do Irã no golfo Pérsico. Na época, o Reino Unido negou a invasão.

Programa nuclear

Além da crise diplomática, o caso também fez crescer as tensões em torno do programa nuclear iraniano. O Conselho de Segurança da ONU aprovou mais sanções contra o Irã no sábado (24). Reino Unido e EUA também acusam o país de fomentar a violência no Iraque.

A resolução 1.747 adotada no sábado vai além da esfera nuclear e bane também as exportações iranianas de armas convencionais, além de congelar bens de 28 indivíduos e entidades iranianas no exterior, incluindo o Banco Sepah do Irã e os comandantes da Guarda Revolucionária do país.

Alguns dos afetados são acusados de envolvimento em apoio de movimentos militares no exterior. A resolução de ontem afeta a economia iraniana, mas deixa intocada a indústria do petróleo do país –entre as cinco maiores do mundo.

As novas medidas completam uma resolução anterior, de 23 de dezembro último, que baniu o comércio de materiais nucleares e mísseis balísticos com o Irã, além de congelar bens de indivíduos e entidades associadas com programas atômicos.

Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o Irã não apenas não atendeu a essa resolução como ainda expandiu seu enriquecimento de urânio, levando a ONU a adotar o novo pacote de sanções.

Diplomatas dos países que redigiram a resolução –Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia, China e Alemanha– propuseram a continuidade das discussões com o Irã para tentar uma “via aceitável para ambos os lados para manter abertas as negociações”, de acordo com um comunicado conjunto lido ontem.

A votação não contou com a presença do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, que defende o caráter pacífico de seu programa nuclear, alegando que as autoridades americanas demoraram intencionalmente na entrega de vistos para sua delegação.

FOL

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Parmenas Alt
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