O governo boliviano, através da ação da polícia boliviana, bloqueou ontem o acesso de veículos brasileiros à Bolívia, como forma de protesto à atuação do Grupo Especial de Fronteira, o Gefron, considerada “muito rigorosa”. O bloqueio foi feito na divisa entre os dois países, a partir de Cáceres.
Foi bloqueado o acesso às províncias de San Mathias e San Ignacio de Velasco. Eles colocaram veículos bolivianos nas entradas das províncias, formando uma barreira. Na tarde de ontem, dezenas de carros brasileiros estavam impedidos de entrar no território boliviano.
A fiscalização do Gefron ficou ainda mais rigorosa após a prisão de dez policiais militares do Estado envolvidos num esquema de corrupção que permitia a entrada de mercadorias contrabandeadas da Bolívia, através da ação de sacoleiros.
O comandante do Gefron, major Aírton Siqueira Júnior, afirma que a fiscalização é mesmo rigorosa, “mas acontece dentro de todos tratados internacionais de livre trânsito entre os dois países. Quem viaja de forma legal, entra sem problema. Só prendemos quem tenta entrar no Brasil com produtos ilícitos”.
A ação do Gefron é endossada pelo delegado da Polícia Federal em Cáceres, Márcio Virgílio de Faria, que destaca a importância do trabalho desenvolvido pelo grupamento especial na faixa de fronteira. Segundo ele, o rigor na fiscalização reduziu o índice de flagrantes de narcotrático nos últimos dias.
O presidente do Comitê Cívico Boliviano, Ricardo Crespo, quer uma solução para o impasse. Segundo ele, a economia boliviana está sendo bastante prejudicada. “Na verdade, o ilícito existe dos dois lados. Daqui sai a droga e do Brasil chegam os carros roubados”.
O comandante da Polícia de San Mathias, capitão Edy Valdan, afirma que, se não for liberada a passagem de bolivianos para o Brasil, o bloqueio irá continuar por tempo indeterminado.
“Nós bolivianos precisamos do Brasil, mas os brasileiros também possuem muitas atividades aqui na Bolívia”.
O policial adiantou que uma comissão de autoridades bolivianas iria se reunir com autoridades brasileiras em Cáceres na busca por uma solução, mas até o final da tarde de ontem não havia novas informações sobre o impasse.
