A prisão de três pessoas levou os policiais da Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos (Derrf) de Várzea Grande a desarticular um esquema de roubo de produtos veterinários ocorrido em São Paulo e cujo material era revendido em Cuiabá. Trata-se do ex-policial militar Givanildo Gomes, de 40 anos, Lissandro Paternez Martins, de 30, e Ronaldo Lemes da Silva, de 45. A prisão ocorreu anteontem à noite, num escritório no centro de Cuiabá. Com Givanildo, os policiais apreenderam uma carteira de identidade em nome de Alexandre Barbosa Franco.
Suspeita-se que o esquema também operava com comercialização ilegal de medicamentos – supostamente de uso exclusivo da saúde pública e com tarja preta, sem nota fiscal. Na casa de Givanildo, em Várzea Grande, os policiais encontraram por acaso cerca de R$ 200 em medicamentos humanos, cuja procedência o ex-militar não soube explicar. As caixas estavam escondidas num quarto nos fundos da casa, próxima à delegacia.
O delegado Antônio Carlos Garcia, responsável pelas investigações, esclareceu que Lissandro e Ronaldo estão com a prisão preventiva decretada pela Comarca de Tatuí (SP). “Somente o Givanildo é que está preso em flagrante. Os demais estão sendo investigados por suspeita de envolvimento em crime de formação de quadrilha e receptação”, informou.
Segundo o delegado, as investigações chegaram até os três após o roubo de medicamentos veterinários num laboratório na cidade de Mogi Mirim (SP), e cujos produtos estavam sendo ofertados numa cidade do interior de Mato Grosso. A pessoa que recebeu a oferta informou ao representante da empresa e esta acionou a polícia.
“Descobrimos que Givanildo estava tentando vender os produtos e que já havia, inclusive, transmitido um e-mail com essa intenção. Fomos até a casa dele e encontramos medicamentos de uso humano. A partir daí, ele (Givanildo) nos levou até o escritório em Cuiabá, onde encontramos uma lista semelhante de medicamentos veterinários”, explicou o delegado. No escritório funciona uma distribuidora de medicamentos, cujos sócios são o sogro de Lissandro e a filha de Ronaldo.
Lissandro e Ronaldo seriam liberados caso o delegado não descobrisse que ambos estavam com a prisão preventiva decretada. O mesmo ocorreria com o ex-PM, mas ao checar uma picape Hilux do suspeito os policiais encontraram uma carteira de identidade dentro de uma agenda.
Junto da carteira, segundo revelou o delegado, foi encontrado um contrato de locação de um imóvel no bairro Cidade Verde. Para o delegado, eles iriam usar o imóvel em alguma ação criminosa. “Encontramos outro documento, uma carteira de identidade, com a foto do Lissandro, mas com o nome de Alexy da Silva. Esse RG seria usado para alugar uma casa no centro de Várzea Grande”, completou.
Diante das evidências de estelionato, o delegado investigará se o trio aplicou algum golpe recentemente na cidade. “Ninguém aluga imóveis só por luxo”, observou. A próxima etapa será chegar até a carga com os produtos veterinários roubados.
DC