Dor, formigamento e dormência nas mãos e nos braços. Esses são sintomas ‘rotineiros’ para pessoas portadoras da síndrome do túnel do carpo. A cada ano, estima-se que 150 mil casos sejam registrados somente no Brasil.
A síndrome do túnel do carpo acontece quando há um aumento da pressão dentro do túnel do carpo – um canal estreito do punho – e o nervo mediano sofre uma compressão. As dores são bastante incômodas e surgem, principalmente, no período da noite. Nos casos mais graves, pode ocorrer atrofia muscular e, ainda, a perda da sensibilidade da mão.
Apesar de atingir ambos os sexos, as mulheres são mais afetadas pelo problema. Exemplo disso é a aposentada Shirlei Rodrigues Perez dos Santos, que, após trabalhar mais de 30 anos como bancária – e passar muitas horas do dia digitando -, desenvolveu a condição. Ela conta que a situação era tão desagradável que seu sono foi interrompido por diversas vezes, quando acordava com as mãos formigando e os braços doloridos.
Afinal, o que causa a síndrome do túnel do carpo?
A condição desenvolve-se principalmente pelas lesões causadas por movimentos repetitivos como, por exemplo, digitar. Além disso, está relacionada com o posicionamento inadequado das mãos. Alterações hormonais após a menopausa também pode contribuir para o surgimento da síndrome.
“Com menos frequência, há pessoas que desenvolvem a patologia por causas traumáticas, como quedas e fraturas, ou mesmo inflamatórias, como em alguns casos de artrite reumatoide . A doença ainda pode apresentar uma predisposição genética”, explica Milton Bernardes Pignataro, cirurgião e presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão (SBCM).
Tratamento da síndrome
Ao sentir alguns dos sintomas, é necessário marcar consulta com um especialista. “Quanto antes o diagnóstico correto for identificado, maior a chance de tratamento sem a realização de uma interferência cirúrgica”, alerta Pignataro.
O cirurgião explica que o diagnóstico pode ser feito com um exame clínico, baseado na queixa do paciente e na positividade de alguns testes provocativos. “Na suspeita clínica, é solicitado um exame de eletroneuromiografia, que avaliará de forma objetiva a presença e o grau de compressão do nervo mediano”, conta.
Depois de constatada a síndrome do túnel do carpo, chega a hora de tratá-la. O tratamento convencional consiste em usar medicamentos anti-inflamatórios e no uso de tala para melhorar o posicionamento do punho por um determinado período. Enquanto isso, o recomendado é fazer intervalos para descansar as mãos e os punhos, além de alongá-los.
Quando essas medidas não são efetivas, então se faz necessário recorrer à cirurgia. “É indicada para casos graves, em que há uma grande compressão do nervo ou quando os tratamentos anteriores apresentaram pouca ou nenhuma melhora”, relata o especialista.
E é exatamente isso que aconteceu com a ex-bancária. Sem sentir os resultados dos medicamentos e do uso da órtese, a solução foi realizar o procedimento cirúrgico. O primeiro foi feito no lado direito e o mais recente, no esquerdo, em março deste ano.
Pós-operatório
Após a cirurgia do túnel do carpo , o processo de recuperação irá variar de pessoa para pessoa. Porém, de modo geral, o paciente fica com a faixa no braço no pós-operatório , e os pontos são retirados de 10 a 12 dias depois.
O especialista indica realizar os curativos conforme orientação médica e evitar atividades que exijam esforço, carregar peso e executar ações repetitivas. Deve-se movimentar as mãos de forma suave.
Para aqueles que ainda têm dor no local da incisão e perda de força muscular, recomenda-se fazer terapia. “Na nossa prática diária, a indicação é realizada em torno de 40% a 50% dos casos”, expõe o presidente da SBCM.
Como prevenir
Para quem usa o computador com frequência e passa muito tempo digitando, o conselho é sentar-se corretamente e apoiar os braços e punhos. Também é indicado fazer um intervalo a cada duas horas para alongar as mãos e braços. O objetivo é evitar que o mau posicionamento por tempo prolongado leve no desenvolvimento da síndrome.
Apesar das recomendações, caso a pessoa sinta alguma sintoma, o ideal é procurar ajuda médica. “Não é indicado que ninguém viva com dor, por isso a importância de procurar um especialista para fazer um tratamento correto e eficaz da síndrome do túnel do carpo ”, finaliza o cirurgião.