Passadas as reuniões de política monetária nos Estados Unidos e no Brasil, os mercados voltaram suas atenções novamente aos riscos das iniciativas protecionistas do presidente norte-americano, Donald Trump. O dia foi de valorização generalizada do dólar ante outras divisas pelo mundo, mas no Brasil o movimento teve o reforço de questões internas, como o julgamento do habeas corpus preventivo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Supremo Tribunal (STF).
O dólar já iniciou o dia em alta e terminou o dia cotado a R$ 3,3083 no mercado à vista, com alta de 1,29%. Os negócios somaram US$ 1,180 bilhão, de acordo com os dados da B3. No mercado futuro, o dólar para liquidação em abril subia 1,01% às 17h16, cotado a R$ 3,3085. Assim como vem ocorrendo nos últimos dias, o avanço da cotação foi contido por fluxos de recursos, uma vez que o nível dos R$ 3,30 é considerado atrativo para exportadores.
O mau humor externo foi gerado a partir da decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de impor tarifas de até US$ 60 bilhões contra a China e de impor restrições às transferências de tecnologia e aquisições por parte de Pequim. Trump assinou no início da tarde um memorando que estabelece as novas medidas. “É o primeiro de muitos memorandos”, disse o presidente americano, ao dizer que o país sofre “um tremendo roubo de propriedade intelectual” pela China.
“Mais de 50% da alta do dólar hoje se deve ao cenário externo, onde o receio de uma guerra comercial voltou bastante ao cenário. “A cautela com o julgamento no STF também pesou, uma vez que o resultado tem potencial para fazer preço no mercado”, disse Ignacio Crespo, economista da Guide Investimentos.
Crespo também viu influência da decisão do Copom de acenar com a possibilidade de uma nova redução da Selic na reunião de maio, mas em proporção bem menor que os demais eventos do dia. “O mercado poderia ficar preocupado com a redução do diferencial de juros mas, apesar da surpresa, o Copom mantém a credibilidade, já que seu discurso é bastante crível no que diz respeito à inflação”, disse.
Diante do cenário adverso, o economista da Guide acredita que o dólar pode continuar a oscilar no range dos R$ 3,30 no curto prazo, mas não aposta em uma mudança mais forte de patamar da moeda americana por enquanto.
Istoé