Embora aguardada por muitos especialistas do mercado financeiro, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de aplicar mais um corte na taxa básica de juros (Selic) surpreendeu pela sinalização da instituição de que uma nova redução possa acontecer na próxima reunião do colegiado, em maio.
Na avaliação de economistas ouvidos pelo Governo do Brasil, a expectativa geral era de que a instituição indicasse outra coisa: uma interrupção na sequência de cortes na taxa Selic, usada como referência por todo o sistema financeiro. Diante da reação da economia brasileira e também da queda persistente da inflação, o Copom reduziu para 6,50% ao ano a taxa Selic nesta quarta-feira (21).
Queda estrutural
“Muita gente tinha como certo que os cortes se encerrariam nessa decisão”, afirmou o economista-chefe do banco de investimentos Haitong, Jankiel Santos. Para ele, o Banco Central indicou que vê a queda da inflação no Brasil como uma questão estrutural, e não apenas de momento.
“Para a próxima reunião, o Comitê vê, neste momento, como apropriada uma flexibilização monetária moderada adicional”, afirmou o Banco Central, em comunicado. É esse o trecho do comunicado que surpreendeu os analistas que acompanham de perto as decisões do Copom.
Fato inédito
Já o economista Wellington Ramos, da agência de risco Austin Ratings, enfatizou que se trata de um cenário inédito na economia brasileira: juros na mínima histórica, inflação baixa e de avanço na atividade econômica.
“A partir de agora, o Banco Central também entra em um caminho desconhecido. Talvez por isso ele tenha anunciado praticamente que em maio pode cortar novamente e nas próximas reuniões pode segurar um pouco”, apontou. “Isso jamais foi visto”, ressaltou.
Fonte: Governo do Brasil, com informações do Banco Central, Haitong e Austin Rating