Com a sinalização de que vai confirmar o deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) no Ministério da Integração Nacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva praticamente concluiu o desenho da nova equipe, que deve ser anunciada na próxima semana.
Resta ao presidente administrar a demanda do PT pela inclusão da ex-prefeita Marta Suplicy e a insistência do PMDB da Câmara pela Agricultura. Lula tende a resistir aos dois movimentos, segundo interlocutores políticos.
Lula reforçou a posição dos ministros das Cidades, Marcio Fortes (PP), e da Educação, Fernando Haddad (PT), pastas com “perfil” para Marta. O ministro da Agricultura, Luiz Carlos Guedes Pinto, ganhou um reforço de peso ao receber o apoio do governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR).
Lula está muito próximo de alcançar o objetivo que traçou em novembro, logo depois da reeleição: manter a base que já o apoiava, incorporando o PDT e a antiga ala oposicionista do PMDB, fazendo mudanças apenas pontuais.
Nomes definidos
Somente uma medida pode ser tomada contrariando o projeto original: a criação de mais uma secretaria, de Portos e Aeroportos, que serviria para compensar o PSB pela perda do Ministério da Integração, disse um ministro aliado. O PSB ganharia ainda o comando da Sudene e do Banco do Nordeste do Brasil, segundo essa fonte.
O PDT deve ser contemplado com a Previdência e, também nesse caso, Lula deve fazer uma mudança de planos. Ele gostaria de indicar o deputado Miro Teixeira (RJ), mas o partido fechou questão em torno do presidente Carlos Luppi, oferecendo como opção o secretário-geral Manoel Dias.
O ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, parou de negar sua provável indicação para as Relações Institucionais, acumulando as duas pastas. Agora ele responde apenas que fará “qualquer coisa que o presidente Lula quiser.”
Deslocando Tarso Genro para a Justiça, Lula espera cumprir outro objetivo: isolar o Planalto das disputas internas do PT. Mares Guia transita pelo PTB e outras legendas “de centro”, como se diz no Planalto.
O retorno do senador Alfredo Nascimento (PR-AM) para o Ministério dos Transportes vai apenas encerrar período em que ele se afastou para disputar as eleições, há quase um ano. Fortalecido, o PR levará ainda o comando do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT).
O presidente do PMDB, Michel Temer (SP), e o líder da bancada na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), serão recebidos no Planalto na tarde dessa terça-feira, 6, para sacramentar a participação no governo dessa ala do PMDB, que se aliou ao governo depois da reeleição.
PMDB
Políticos que conversaram com Lula na última segunda-feira informaram que o presidente decidiu que o PMDB vai manter os dois ministros indicados pelos senadores (Silas Rondeau, de Minas e Energia, e Hélio Costa, Comunicações), para preservar uma aliança feita no auge da crise política de 2005.
Para a Saúde, vai o ex-presidente do Instituto Nacional do Câncer, José Gomes Temporão, apadrinhado pelo governador do Rio, Sérgio Cabral, também na cota do PMDB. O ministério do deputado Geddel será o quinhão da Câmara.
Lula ainda não decidiu se aceitará a indicação do deputado Walter Pinheiro (PT-BA) para o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Ele analisa outros nomes de petistas indicados pelos movimentos sociais ligados à reforma agrária.
Lula manteve sempre fora de cogitação mudanças na equipe econômica e na dupla de ministros do Planalto, Dilma Roussef (Casa Civil) e Luiz Dulci (Secretaria Geral).
OE