Fones de ouvido de uso diário podem estar contaminados com até 10.000 fungos e bactérias que podem causar micoses e graves infecções, como otites e sinusites. A conclusão é de uma pesquisa da faculdade de biomedicina Devry Metrocamp, em Campinas, feita com quarenta fones (trinta do modelo que se encaixa na orelha e dez headfones, que têm contato com a parte externa da orelha) de jovens e adultos que tinham o hábito de compartilhar os aparelhos e não higienizá-los. Em 87% dos objetos foi encontrada uma alta contaminação que incluía a bactéria Staphylococcus aureus, que pode levar a infecções de pele e também das vias aéreas superiores, como as otites.
Entre os fungos detectados pelo estudo, que analisou os aparelhos por três meses, os do grupo Candida ssp são os mais preocupantes, de acordo com os pesquisadores, que foram surpreendidos pela alta quantidade de microrganismos presentes nos objetos. Esses fungos são difíceis de tratar e podem afetar alguns órgãos do ouvido, provocando doenças em pessoas com imunidade baixa.
Contaminação
No geral, todos os headfones que participaram da pesquisa estavam contaminados com a bactéria Staphylococcus aureus (que pode levar também ao desenvolvimento de meningites) em baixas quantidades. Por essa razão, seu uso é um pouco mais seguro.
A cera encontrada no ouvido é uma proteção que tem o objetivo de impedir a entrada de fungos e bactérias. Contudo, o uso frequente dos fones de ouvido (e também de cotonetes) pode reduzi-la, deixando o ouvido sem defesas.
De acordo com a equipe de cientistas, coordenada pela bióloga Rosana Siqueira, os fones internos entram em contato com essa cera e, quando não são limpos corretamente, entram em contato com diversos microrganismos que “grudam” no objeto. Ao serem encaixados nos ouvidos, o canal auricular fica abafado e em uma temperatura propícia à proliferação de fungos e bactérias. Se o ouvido estiver com pouca cera e o organismo com a imunidade reduzida, os fungos e bactérias encontrados nos fones podem levar a doenças, como as otites.
Limpeza
Para evitar as contaminações, os pesquisadores indicam a limpeza dos objetos com o álcool isopropílico, indicado para eletrônicos. A higienização deve ser feita com um cotonete ou algodão embebido com o produto e passado nas partes do aparelho que ficam em contato com a orelha e nos fios, todos os dias, antes e após o uso. Álcool comum ou água e sabão não são indicados, pois prejudicam os fones. No caso dos headfones, se a película de proteção do aparelho for rompida, o ideal é trocá-lo, para que não haja a contaminação.
Os médicos também não recomendam o compartilhamento dos fones, hábito que pode favorecer infecções, pois os fungos e bactérias podem passar de uma pessoa para outra.
Se houver dor de ouvido, incômodo ou sensação de diminuição de audição, o melhor é procurar um otorrino para que sejam feitos exames e o diagnóstico. O tratamento pode incluir o uso de antifúngicos, antibactericidas, anti-inflamatórios e analgésicos.
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