O ex-diretor jurídico da rede de lojas City Lar, o advogado Florindo José Gonçalves, confessou, em depoimento à juíza Selma Arruda, da 7ª Vara Criminal, ter ajudado o ex-secretário da Casa Civil, Pedro Nadaf, a impedir a delação do dono do Grupo Tractor Parts, João Batista Rosa, no âmbito da Operação Sodoma.
João Rosa foi o delator do esquema de concessão de incentivos fiscais do Estado, em troca de propina, que culminou na primeira fase da operação. Foram presos, em decorrência, o ex-governador Silval Barbosa (PMDB), Nadaf e o ex-secretário de Fazenda, Marcel de Cursi.
Em seu depoimento, em janeiro de 2016, o delator contou que quando decidiu fazer o acordo de delação, chegou a ser procurado pelo diretor da rede de lojas City Lar, Florindo José Gonçalves (também envolvido), com a intenção de que Rosa aceitasse se encontrar com Nadaf, que é apontado como o ‘coordenador’ do esquema.
Florindo Gonçalves teve audiência com Selma, em abril deste ano, e confirmou a declaração do empresário. Em vídeo do depoimento, o advogado contou ter sido chamado pelo então dono da City Lar, Erivelto Gasques, para tentar conversar com João Rosa, uma vez que os dois tinham proximidade, por fazerem parte da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL).
“Eu falei para o Erivelto e para o Pedro que eu poderia ir porque o João Rosa não estava indo nas reuniões da CDL por conta de problemas de saúde e também porque ele tinha falado da compra de ar-condicionado. Então eu teria argumento pra ir falar com ele”, explicou Florindo.
Segundo o advogado, o dono da City Lar o levou até à casa de João Rosa e os dois conversaram no saguão do prédio, localizado no bairro Jardim das Américas.
“Foi uma conversa muito rápida. Eu disse que tinha ido lá a pedido do Pedro para saber se ele tinha feito a delação ou não. Ele disse que não e eu disse que o Pedro queria conversar com ele e queria que eu marcasse um encontro. Ele ficou meio paralisado e falou que iria pensar se iria marcar esse encontro ou não”, contou.
Ao final, Florindo, Erivelto, Nadaf e Cursi se encontraram e o advogado passou o recado ao ex-chefe da Casa Civil.
“Eles estavam conversando sobre uma defesa do João. Parou a conversa, nós entramos no detalhe de que o João Rosa não tinha feito a delação e Nadaf perguntou como ficou a questão de marcar o encontro. Eu disse ‘olha, ele falou que vai pensar e depois vai entrar em contato comigo se vai marcar a reunião e aí vai marcar a hora e o local’. Foi muito rápido, os dois estavam sentados e eu e Erivelto ficamos de pé, falamos essas coisas e saímos”, disse ele, à juíza.
João Rosa negou ter se encontrado com Nadaf. Ele também afirou que teria pago R$ 2 milhões através de cheques e transferências para o ex-secretário, para ter sua empresa inclusa no Prodeic (Programa de Desenvolvimento Econômico e Industrial).
Com RepórterMT