impressão geral demonstrada por representantes do setor privado em relação ao PAC foi boa, mas quase todos fizeram ressalvas. Apesar de elogiarem o efeito “moral” do programa, que pode trazer uma mentalidade pró-crescimento econômico, apontaram muitas dificuldades a serem superadas.
O industrial Jorge Gerdau, presidente do grupo Gerdau e um dos mais respeitados líderes empresariais do País, gostou do impacto do Programa e classificou como tarefa mais difícil a busca por maior eficiência no setor público.
“O governo precisa fazer o mesmo processo de redução de gastos e de torná-los mais eficientes que foi feito na iniciativa privada. O governo tem sido um entrave ao crescimento”, analisou Gerdau, para quem o PAC “estabelece uma nova consciência de crescimento que tem efeitos psicológicos importantes, além dos próprios investimentos que serão feitos”.
O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Paulo Tigre, destacou a melhoria do marco regulatório (leis e normas mais claras para dar mais segurança a investidores) como principal ponto a ser perseguido.
“A grande questão é que a gestão pública (governo) terá de ser muito eficiente, e o Parlamento tem que trabalhar rapidamente para aprovar os projetos enviados”, argumentou Tigre.
Ele reclamou da falta de incentivos a setores industriais do Rio Grande do Sul que são exportadores e passam por uma crise pelo baixo patamar do dólar nos últimos anos.
“Algo que havia sido falado e não apareceu hoje foram medidas para o setor de calçados, móveis e têxteis”, citou.
Já o diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Paulo Camillo Penna, disse que o setor das empresas mineradoras vêem como “positivo” o PAC, principalmente porque os estímulos impulsionarão o segmento de mineração de agregados da construção civil.
“Vemos como positiva a política no campo da construção de moradias e saneamento que vai contemplar uma área minerária importante, que são os agregados da construção civil: areia, brita, saibro, argila e outros”, listou Penna.
Mas ele lamentou a exclusão de um importante estímulo: “Existem temas que são de interesse do setor e que poderiam ter sido anunciados, como um estudo na Casa Civil de um decreto que transforma o direito minerário (concessão para lavrar) em garantia real para empréstimos”, ponderou.
Para Camilo Penna, há possibilidades de fracasso do plano, como a condução de uma políica monetária rígida pelo governo, que reduz o estímulo a investimentos. Esta semana, diz ele, haverá um teste para o PAC: a reunião do Copom para definir a taxa básica de juros (Selic).
“Qualquer corte inferior a meio ponto percentual já estabelece uma arritmia no processo que se pretende lançar hoje”, observou.