domingo, 24/11/2024
InícioEconomiaGovernadores de olho no cofre

Governadores de olho no cofre

Os governantes dos Estados e da Uni&atildeo costumam discordar em diversas quest&otildees. Especialmente quando se trata de pagamentos devidos pelos Estados ao governo federal ou detalhes das contas p&uacuteblicas. Uma das diverg&ecircncias diz respeito a um dos pontos mais importantes da Lei de Responsabilidade Fiscal, institu&iacuteda em 2000 como um dos pilares do Plano Real para manter as finan&ccedilas p&uacuteblicas do Pa&iacutes sob controle. Trata-se do limite de 60% que pode ser gasto com pessoal em rela&ccedil&atildeo &agrave receita corrente l&iacutequida.

A princ&iacutepio n&atildeo haveria o que se discutir em rela&ccedil&atildeo a essa regra, pois n&atildeo h&aacute margem para interpreta&ccedil&atildeo. Mas estrat&eacutegias criativas e formas de como isso deve ser contabilizado criam margem para diferen&ccedilas significativas nos c&aacutelculos. Por essa raz&atildeo, o Minist&eacuterio da Fazenda pretende acabar com essa festa. O ministro Henrique Meirelles, no papel de guardi&atildeo-mor das finan&ccedilas p&uacuteblicas e do Tesouro Nacional, est&aacute empenhado em cortar despesas e garantir um ajuste fiscal que garanta a solv&ecircncia do setor p&uacuteblico como um todo.

Segundo reportagem do jornal O Globo, est&aacute em estudo no minist&eacuterio um projeto de reforma da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) para evitar que ela seja driblada por governadores, que empurram os problemas para os seus sucessores, e deixam a conta estourar para o governo federal (procurada pela DINHEIRO, a Fazenda n&atildeo se manifestou). Na pr&aacutetica, Estados e o Tesouro Nacional divergem sobre os dados. Segundo os balan&ccedilos dos pr&oacuteprios Estados, apenas um deles, a Para&iacuteba, admite ter estourado o teto de 60% em 2015, atingindo 61,86%. Mas, para o Tesouro Nacional, foram oito os que extrapolaram o limite.

Essa diferen&ccedila acontece porque, num bom exemplo de contabilidade criativa, e com o aval de Tribunais de Contas, diversos governadores apresentam balan&ccedilos que deixam de computar certos itens como despesas com pessoal. Minas Gerais, por exemplo, afirma que gastou apenas 57,33% com pessoal, mas o Tesouro registra 78%. Uma t&eacutecnica comum &eacute n&atildeo contabilizar os gastos com servidores inativos ou com bonifica&ccedil&otildees. N&atildeo acho que a reforma seria uma imposi&ccedil&atildeo do governo federal, diz Fabio Klein, analista da Tend&ecircncias Consultoria Integrada. Os Estados s&atildeo entes aut&ocircnomos, mas interdependentes. Existe um federalismo fiscal que se imp&otildee na disputa por tributos e a Uni&atildeo &eacute credora dos Estados.

Entre as propostas em estudo pelo minist&eacuterio da Fazenda deve estar uma unifica&ccedil&atildeo nos m&eacutetodos de contabilidade de gastos com pessoal. As mudan&ccedilas devem incluir ainda a determina&ccedil&atildeo de quais despesas devem ser quitadas durante o mesmo mandato. H&aacute ainda o desejo de regulamentar o Conselho de Gest&atildeo Fiscal, previsto na LRF, mas nunca implementado. Trata-se de um grupo integrado pelos tr&ecircs poderes, pelo Minist&eacuterio P&uacuteblico e por representantes da sociedade, que deve monitorar as finan&ccedilas p&uacuteblicas e ajudar a definir um padr&atildeo &uacutenico para os registros cont&aacutebeis.

Outra quest&atildeo importante &eacute a destina&ccedil&atildeo das receitas de royalties do petr&oacuteleo. Muitos Estados os usam como receita recorrente e aumentam os custos fixos. O problema &eacute que o pre&ccedilo do petr&oacuteleo oscila e as receitas, idem. J&aacute existe uma lei, desde a d&eacutecada de 1950, que impede usar recursos do petr&oacuteleo para contas correntes. Se a LRF fosse cumprida, j&aacute seria um grande avan&ccedilo afirma o economista Felipe Salto. Um exemplo desse problema &eacute o Estado do Rio de Janeiro.&nbspEntre 2009 e 2015, os Estados subiram gastos com pessoal, em m&eacutedia, 39,50%.&nbsp

O maior aumento foi no Rio de Janeiro, governado por Luiz Fernando Pez&atildeo, que atingiu 70% de alta.&nbspCom um d&eacuteficit estimado em mais de R$ 18 bilh&otildees neste ano, o Estado chegou a anunciar, na sexta-feira 4, a redu&ccedil&atildeo de 20 para 12 secretarias, como forma de iniciar uma reforma de gastos que inclui a extin&ccedil&atildeo de cargos de estatais e autarquias, cortes de gratifica&ccedil&otildees e o aumento de contribui&ccedil&atildeo previdenci&aacuteria dos servidores. Ningu&eacutem est&aacute satisfeito com as medidas, mas elas mostram como atravessar essa turbul&ecircncia que afetou nossas receitas, afirmou Pez&atildeo. N&atildeo s&atildeo de agora os enfrentamentos dos Estados com o governo federal.

Em junho deste ano foi acertada uma renegocia&ccedil&atildeo da d&iacutevida dos Estados com a Uni&atildeo, com um impacto calculado em aproximadamente R$ 28 bilh&otildees. A proposta aceita concedeu uma car&ecircncia de 24 meses, sendo que nos seis primeiros meses o desconto &eacute de 100%. O governo, ainda na &eacutepoca interino, do presidente Michel Temer (PMDB) conseguiu contornar o&nbspproblema que se arrastava por meses, desde a gest&atildeo de Dilma Rousseff (PT), que enfrentou um choque com os governadores, que tiveram como um de seus l&iacutederes Raimundo Colombo (PSD), de Santa Catarina. Meirelles j&aacute queria incluir no acordo com os governadores uma reforma da LRF, em junho deste ano, como uma esp&eacutecie de contrapartida. Mas n&atildeo houve na &eacutepoca, tempo ou for&ccedila do governo para isso.

&nbsp

&nbsp

&nbsp

&nbsp

&nbsp

&nbsp

&nbsp

&nbsp

Por:Carlos Eduardo Valim-Isto&eacute-Dinheiro

Clique AQUI, entre na comunidade de WhatsApp do Altnotícias e receba notícias em tempo real. Siga-nos nas nossas redes sociais!
Parmenas Alt
Parmenas Alt
A estrada é longa e o tempo é curto. Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as consequências destas ações.
RELATED ARTICLES

DEIXE SEU COMENTÁRIO

Please enter your comment!
Digite seu nome aqui

- Publicidade -

Mais Visitadas

Comentários Recentes