sexta-feira, 22/11/2024
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Fisioterapia da Vagina trata problemas sexuais e incontinência urinária

É bem provável que você já tenha ouvido falar em pompoarismo, uma técnica milenar de exercícios para a vagina, ou a “malhação da pepeka”. Existem cursos pra ensinar as mulheres, acessórios pra treinar em casa, vídeos inusitados no Youtube de tailandesas “cuspindo” bolinhas de ping pong pela dita cuja. O benefício mais alardeado é o de aprimorar a vida sexual: estreita e fortalece o canal vaginal, dando mais prazer para homem e mulher durante a penetração. Ok, mas você já ouviu falar em fisioterapia uroginecológica?

Digamos que seja o braço acadêmico / científico do pompoarismo. Cada vez mais fisioterapeutas se especializam no assoalho pélvico feminino e propõem tratamentos bem práticos para resolver uma variedade de problemas. Vaginismo (dificuldade ou impossibilidade de penetração), perda de lubrificação (especialmente na menopausa), “frouxidão” ou diminuição de sensibilidade depois do parto, anorgasmia (falta de orgasmos), incontinência urinária (perda involuntária de urina) etc.

Um estudo da UNIFESP mostrou, por exemplo, que mais da metade das mulheres que sofrem de incontinência urinária têm disfunções sexuais. E não são poucas, minha gente. Cerca de dez milhões de brasileiros convivem com esse inconveniente. “Elas evitam o sexo por medo e vergonha de perder xixi na hora, seja pela posição sexual ou pelas contrações do orgasmo”, afirma a fisioterapeuta uroginecológica Lívia Frulani de Paula. Se você está tensa com a chance disso acontecer, será um milagre ter prazer. E se as relações não são prazerosas, sua vontade de transar – a libido – vai diminuindo

 

 

Fisioterapeuta, Lívia Frulani se especializou em reabilitação do assoalho pélvico e tratamento da incontinência urinária (Divulgação / Arquivo Pessoal)

Lívia conta que, em geral, as mulheres só se dão conta e procuram ajuda depois de passar por uma sequência de episódios “esquisitos” / constrangedores. Tipo vazarem umas gotinhas quando espirram, têm uma crise de riso, fazem algum esforço físico. Ou sentem uma urgência tão grande de urinar que precisam sair correndo pro banheiro porque não conseguem segurar. “Quando isso acontece em público, elas viram de propósito alguma bebida em si mesmas pra disfarçar a macha e o cheiro de xixi”, diz. “Com o tempo, derruba a autoestima, passam até a evitar eventos e viagens, vão se isolando”.

Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia, a incontinência urinária é duas vezes mais comum no sexo feminino. Embora atinja mulheres de todas as idades, a incidência aumenta à medida que envelhecemos (pode ser efeito colateral de doenças neurológicas, AVC, Parkinson, trauma na medula etc). Como explica Lívia, o assoalho pélvico é uma espécie de rede de sustentação e passa por momentos de estresse. As grávidas, por exemplo, têm de aguentar o peso do bebê sobre a bexiga. As alterações hormonais próprias da menopausa, que costuma surgir devargarzinho após os 40 anos. As atletas ou praticantes de esportes como maratona e cross fit, que demandam esforço físico intenso.

Barriga sarada não é sinônimo de pepeka musculosa. Numa sessão de fisioterapia uroginecológica, os exercícios são específicos. Primeiro estimulam a paciente a perceber a região e como contraí-la. Sabe quando você tá fazendo xixi e “trava” para depois continuar o jato? São os tais músculos pélvicos agindo. Para medir a força e ajudar na aprendizagem do movimento, os profissionais usam eletroestimulação (choques leves no canal vaginal que contraem automaticamente a musculatura dali), biofeedback (aparelho que mostra numa tela a intensidade da contração natural), cones vaginais (pesinhos colocados como absorvente interno, cuja tendência é cair quando a mulher está em pé, fazendo com que ela tente “segurá-lo”).

 

Como academia, requer treino e disciplina inclusive em casa. Dependendo da gravidade do problema, a paciente sente a mudança em três meses ou quinze dias. Nem sempre é o caso de operação, tá? Fortalecer e/ou adequar a bexiga resolve muitas vezes. Se você se identificou com esses exemplos, procure seu ginecologista e relate o que está rolando. Porque pode ser que o médico não tenha o hábito de perguntar sobre o assunto, como não se aprofundam sobre a sua vida sexual, a não ser que você se queixe. E não deixa pra lá com a desculpa de que só acontece de vez em quando! “Perder urina em qualquer idade e quantidade não é normal”, alerta Lívia.

*Nathalia Ziemkiewicz, autora desta coluna, é jornalista pós-graduada em educação sexual e idealizadora do blog Pimentaria.yahoo

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Parmenas Alt
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