Ninguém é perfeito. Tá, algumas pessoas chegam muito perto, como a Patrícia Poeta, a Gisele Bundchen e eu, mas elas não escrevem tão bem quanto eu, e eu não tenho o cabelo liso, nem sou musa do Verissimo e nunca namorei o Di Caprio. Nem pretendo. Nem ser musa nem namorar o loirinho. Mas essa coisa de alma gêmea, amor para sempre etc e tal, só apareceu a partir do século dezoito, dezenove, sei lá, por aí. Não preciso nem dizer que não tenho nada contra isso, até porque grande parte dos meus textos são para ou sobre mulheres. O que eu quis dizer com a assertiva é que isso de ficar esperando ou procurando a pessoa certa simplesmente não funciona.
Não funciona por vários motivos. É uma coisa muito racional querer uma pessoa assim, assado, desse jeito, de tal jeito… Mas quando se está apaixonado tudo é lindo e fofo e gracinha e meigo e bonitinho. Até porque, a não ser que você seja a Patrícia Poeta, a Gisele Bundchen ou eu, a sua alma gêmea perfeita também vai estar procurando a alma gêmea perfeita dela, e periga não ser você.
E é legal você aprender a conviver com uma pessoa diferente de você. Que goste de matemática, que não escute rádio de notícias como você ou que tenha medo de filme de terror. Eu acho bacana isso, você passar a conviver com coisas que por vontade própria você jamais faria, como ir num shopping para ajudar a escolher um sofá ou ir para uma boate e fazer você tentar convencer suas costas e seus joelhos de que você ainda tem vinte anos.
Quando você percebe que a pessoa que está do seu lado não é perfeita e mesmo assim você quer ficar com ela, isso te faz enxergar que você também não é nada perfeito, e que mesmo assim ela quer ficar com você. E ela aprende a ouvir jazz, ver jogos de futebol em ABSOLUTO silêncio, a ouvir rádio de notícias no carro ou a ter que te ouvir falar por horas sobre cinema, música ou futebol. É muito mais legal conseguir uma metade de caqui pra sua metade de maça do que a outra metade da sua laranja. É complicado, mas vale a pena. Experiência própria. A minha metade da laranja não é das mais docinhas, é verdade, mas é a laranjinha mais linda do mundo! E convenhamos que não é nada fácil aturar a minha metade de limão azedo. E ela atura. Ah, e fica quietinha na hora do jogo…
EoH-TERRA