Apenas um ano após se casar, o casal M. e P. resolveu se separar e o motivo é uma traição, não física, mas financeira. Quando ainda eram namorados, M. já sabia que seu companheiro tinha uma tendência ao consumismo e pouco controle de suas contas, mas acreditou que o tempo traria disciplina.
A decepção veio após irem morar juntos: ela descobriu que ele estava muito endividado e havia escondido isto. Ao ir cobrir a conta dele, que deveria estar negativa em menos de R$ 200, descobriu uma dívida no cheque especial que ultrapassava os R$ 2 mil. Além disso, ele ficou desempregado e, ao invés de cortar gastos, comprou uma moto nova.
O amor supera sim crises financeiras, a falta de dinheiro, o desemprego, mas não a falta de diálogo sobre o tema. O dinheiro, inclusive, ainda é um dos principais motivos para brigas e separações, concluiu um estudo da Experian.
No Reino Unido, 56% das separações de três mil casais tiveram como motivo questões financeiras. No Brasil não é diferente e ano após ano casais se separaram por conta disso. Mas o problema vem de antes talvez, da época do namoro.
Neste Dia dos Namorados, a maioria planeje gastar menos que no ano passado e pagar o presente à vista para não se endividar, segundo pesquisa do GuiaBolso. Ainda assim, um em cada três brasileiros (32,2% dos entrevistados pelo SPC Brasil) admite que vai gastar além do que a condição financeira permite. Neste grupo, o risco de se endividar e até ficar inadimplente é grande. No ano passado, as compras do Dia dos Namorados deixaram uma em cada dez pessoas (10,5%) com o nome sujo.
Mas como saber se a sua relação está indo na direção da riqueza ou da falência?
Além de se fazer algumas perguntas como a deste teste, para ter sucesso financeiro a dois alguns cuidados são importantes tanto para namorados como para casados:
1. Não tente comprar o amor: pagar tudo para o (a) parceiro (a) ou comprar presentes caros, acima da sua capacidade financeira, apenas para impressionar a pessoa inevitavelmente vai te levar ao descontrole financeiro e às dívidas.
2. Fale quanto ganha: no sentido contrário do ponto anterior, ser mesquinho também causa problemas. Mentir sobre quanto ganha para não pagar algumas contas é uma atitude que, mais cedo ou mais tarde, será descoberta e irá gerar conflitos.
3. Não pagar empréstimos: a pessoa amada sempre estará disposta a te ajudar financeiramente, mas isso não é desculpa para os namorados não pagarem o que devem. Em geral, o outro não te cobra porque fica sem graça de fazer isso, mas fica desconfortável no relacionamento.
4. Seja honesto sobre as dívidas: imprevistos e descontroles financeiros acontecem, mas o problema não será resolvido se esconder isso do companheiro/a. Pelo contrário, no caso de casais que já moram juntos e tem uma união estável, ao se endividar você pode estar levando a pessoa a assumir contas das quais ela nem está sabendo.
5. Encontre um estilo de vida que seja um meio termo entre os dois: ser avarento e a outra pessoa esbanjadora ou ao contrário não é um problema desde que houver conversa e paciência para achar um meio termo. Um exemplo: Vocês podem sair para jantar, mas não precisa ser no restaurante mais caro da cidade.
6. Tenha uma reserva para prazeres individuais: principalmente entre casais que já moram juntos é comum que todas as despesas sejam em conjunto. Para a felicidade como casal é importante, pelo contrário, que cada um tenha uma parcela mensal da renda para gastar com o que quiser, seja em roupas ou em jogos de vídeo game (E importante: sem críticas às escolhas!).
7. Tenha objetivos em conjunto: pode ser uma meta de juntar dinheiro para uma viagem ou mesmo para o casamento. Aqui, o que vale é poupar juntos com um objetivo específico, o que torna a tarefa muito mais fácil e faz os envolvidos se sentirem que tem planos como casal.
8. Não esconda as compras: se comprou algo que não estava planejado, por mais que você saiba que o outro não irá gostar, seja franco.
9. Consulte o companheiro antes de gastar: se for comprar algo mais caro do que costumam gastar, como um novo móvel, é preciso ter bom senso de consultar a opinião da outra pessoa antes.
10. Converse sempre: é interessante ter pelo menos uma conversa mensal sobre o orçamento, tanto para definir metas, se for no começo do mês, como para ver se cumpriram e onde vão investir, se for no fim do mês.
11. Não culpe o outro pelos problemas: se surgiram reveses, como a batida do carro, não culpe o outro pelo gasto extra e sim procure uma solução conjunta.
12. Fale sobre investimentos: não esconda quanto tem na conta e investido. Na vida em casal, não adianta entrar em uma competição sobre quem irá pagar mais ou menos do novo imóvel, da viagem, etc. O importante é alcançar o que desejam.
O Estadão-Conteúdo/Uol