A Sífilis é uma doença que se caracteriza pelo aparecimento de feridas que não sangram e não doem em diversas regiões do corpo, inclusive na boca. Famosa por ter o sexo como principal forma de transmissão, ela também passa de pessoa para pessoa através do beijo e do compartilhamento de escovas de dente. Por tudo isso, o dentista tem um papel fundamental na prevenção e no diagnóstico do problema. Vamos entender melhor isso?
Para começar vamos entender porque a sífilis tem tanto a ver com saúde bucal. A resposta é muito simples, porque ela também pode ser transmitida através da saliva, ou seja, beijar alguém que tem sífilis pode ser um perigo.
“Se a pessoa estiver no segundo estágio da doença, quando surgem pequenas feridas na boca, a transmissão é possível, sim. Vale destacar que a ferida pode ser pequena e escondida e passar desapercebida tanto pelo portador da ferida quanto pela outra pessoa, o que favorece a contaminação sem que as pessoas se deem conta”, diz Maria Cristina Aguiar, cirurgiã-dentista doutora em Saúde Coletiva e presidente da ABHA (Associação Brasileira de Halitose).
Papel do dentista
Por causa disso, o cirurgião-dentista tem importante papel tanto no diagnóstico precoce quanto na orientação de quem sífilis. “Ele também pode ajudar o paciente a diferenciar lesões de sífilis de outras lesões como herpes e aftas. Em caso de suspeita, ele deve solicitar um exame de sangue e encaminhar para tratamento conjunto com um médico”, diz a especialista.
Reconhecendo as lesões
Causada pela bactéria Treponema pallidum, essa doença se apresenta com sinais e sintomas diferentes em cada estágio.
Na fase primária, se o contágio for pela boca (através de sexo oral ou pela saliva), ocorre uma única ferida incolor e de borda endurecida, diferente das aftas por exemplo, que são múltiplas e se espalham ao longo de toda a boca. Além disso, a ferida da sífilis demora mais a cicatrizar que uma afta comum.
“O local mais acometido é a região genital, seguida pelos lábios, língua, palato, gengiva e amígdalas. Essa ferida cicatriza espontaneamente dentro de três a seis semanas, dando a falsa impressão de cura. Neste período a bactéria está se espalhando pelo corpo”, diz a especialista.
Em um segundo momento, as feridas se espalham por todo o organismo inclusive nas palmas das mãos e na sola dos pés. Neste período, geralmente dá-se o aparecimento de sintomas como faringite, mal-estar, dor e cabeça, perda de peso, febre, e dor muscular.
“No terceiro estágio, a doença ainda pode apresentar lesões bucais parecidas com pequenos nódulos de caráter inflamatório afetando palato e língua, no entanto eles não são mais contagiosos”, diz Maria Cecília. A lesão mais comum da sífilis terciária é a presença de uma placa branca na língua que tem alto potencial de malignidade.
Sífilis e a halitose
Como as lesões de sífilis são ulceradas, ocorre um aumento na descamação dos tecidos que revestem a boca. Essas células descamadas acabam se depositando sobre a superfície da língua e tendem a se acumular na forma de uma camada branca ou amarelada conhecida como "saburra lingual", um dos principais responsáveis pelo mau hálito.