O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, declarou que quer as tropas da Força Nacional de Segurança Pública entrando em operação imediatamente no Estado. Ele informou que conversou nesta segunda-feira, dia 1º, sobre o assunto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto e no Congresso.
Cabral deverá assinar na terça ou quarta-feira o pedido formal de envio da Força Nacional para o Estado. Segundo a assessoria do novo governo, Cabral aguardará a reunião marcada para esta segunda entre o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, e o secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa.
O secretário-geral da Presidência da República, ministro Luiz Dulci, também indicou nesta segunda que o governo federal poderá encaminhar policiais federais e também tropas do Exército para o Rio de Janeiro, em razão da crise na segurança pública no Estado. “A titularidade da segurança é do governo estadual, mas estamos disponíveis a trabalhar em conjunto. Podemos ajudar desde que nos seja solicitado.”
Decisão
Beltrame pretendia anunciar a decisão apenas depois dessa reunião, na qual eles deverão tratar de questões operacionais para o deslocamento da tropa, como a emissão de passagens e a definição do local onde os agentes ficarão abrigados. Também será definido o número de convocados, que pode ficar em torno de 500 homens.
A principal preocupação de Beltrame é com o cansaço dos policiais militares fluminenses, que tiveram folgas canceladas e trabalham em estado de alerta desde o início das ondas de ataques criminosos na região metropolitana, na última quinta-feira.
Os agentes da tropa federal poderiam ajudar no descanso dos policiais. O secretário também está preocupado com a auto-estima dos policiais do Rio e não quer que o pedido de ajuda federal, adiantado neste dia 1º por governador Cabral na posse do presidente Lula, seja interpretado como um sinal de desprestígio da corporação. Ao contrário, ele pretende dar energia aos policiais com o reforço das tropas federais.
Segundo o governador, é preciso que as mobilizações sejam realizadas “o quanto antes”, porque haverá uma reunião do Mercosul, no Rio, no próximo dia 18. “É bom que as forças já estejam se aclimatando”, disse.
Carga horária
Entre as medidas que o novo governador vai implementar no Estado para melhorar o policiamento da cidade, será a mudança da escala de trabalho dos policiais, que passarão a trabalhar oito horas e não mais num regime de revezamento como ocorre atualmente.
Segundo Cabral, essa mudança de horário de trabalho é para que os policiais deixem de ver Polícia Militar como um bico. Para isso, admitiu o governador, será necessária a criação de uma gratificação.
Após a solenidade de transmissão de cargo e posse do novo secretariado, Beltrame fez questão de elogiar o trabalho feito pelos policiais do Rio, sobretudo pelos militares, desde o início da onda de ataques. “Há policiais que estão trabalhando desde quinta-feira, incansáveis e valorosos. Se não fosse a atuação da PM, a dimensão do que aconteceu no Rio teria levado a conseqüências muito mais desastrosas”.