A Colômbia pediu uma "rápida ação" da Organização dos Estados Americanos (OEA) para resolver a crise diplomática entre Bogotá e Caracas, que se agravou após o êxodo forçado de milhares de colombianos do território venezuelano. Em 19 de agosto, Nicolás Maduro determinou o início das deportações alegando que a presença dos colombianos na fronteira entre os dois países estimula o contrabando e facilita ações de paramilitares de direita, que buscam desestabilisar seu governo.
"Trata-se de uma situação humanitária grave, complexa e que requer uma rápida reação, expressão e atitude de todos nossos países americanos", declarou o embaixador colombiano diante da OEA, Andrés González. "A OEA poderá manter-se distante ou à margem de uma situação como esta? Nós colombianos acreditamos que não" – completou, durante uma sessão extraordinária do Conselho Permanente da organização.
O embaixador venezuelano, Roy Chaderton, defendeu na OEA a decisão "democrática" de seu governo de fechar a fronteira com a Colômbia e deportar colombianos, e expressou sua "suspeita" de que a reação de Bogotá corresponde a interesses eleitorais, prévia às eleições locais em outubro.
Para o diplomata, a verdadeira "crise humanitária é a que produziu o êxodo de cinco milhões e meio de colombianos" que cruzaram durante anos a Venezuela fugindo do conflito armado em seu país.
A discussão na OEA constitui o primeiro passo para levar a crise binacional ao terreno dos organismos multilaterais regionais. Os chanceleres da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) debaterão o assunto em uma reunião extraordinária prevista para esta sexta-feira em Quito.
Segundo números do governo colombiano, as autoridades venezuelanas deportaram cerca de mil de seus compatriotas e mais de 6.000 voltaram a seu país voluntariamente por medo de uma expulsão forçada que poderia resultar na separação de sua família e perda de seus pertences.
A tensão entre Bogotá e Caracas começou em 19 de agosto com o fechamento de alguns pontos fronteiriços pelo presidente Nicolás Maduro após um ataque de desconhecidos a militares venezuelanos, que o governo da Venezuela atribui a "paramilitares colombianos".
A crise se aprofundou mais na quinta-feira passada, quando ambos países chamaram para consultas seus embaixadores. Na sexta-feira, Maduro ampliou um estado de exceção para dez municípios da zona fronteiriça "para limpar o paramilitarismo, a criminalidade, o contrabando, os sequestros e o narcotráfico".
Veja.com(Com AFP)