O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que acabou a crise nos aeroportos brasileiros. Pouco antes de embarcar de Cochabamba, onde participou da 2ª Reunião de Cúpula da Comunidade Sul-americana de Nações (Casa), o presidente afirmou que havia recebido notícias sobre a normalidade nas operações aéreas e que, do Aerolula, iria conversar por telefone com o comandante da Aeronáutica, Luiz Carlos Bueno. Confiante, chegou a anunciar que, salvo um incidente, os brasileiros poderão viajar tranqüilamente nos períodos do Natal e do verão.
“Acho que acabou a crise. Estamos vivendo um rescaldo. A situação parece já ter se normalizado” afirmou o presidente. “Temos o compromisso da Aeronáutica e o compromisso dos controladores de vôo. Vamos descentralizar o controle de vôo para São Paulo e outras cidades importantes e preparar melhor o pessoal. Vamos testar o sistema todos os dias”, completou Lula, ao ressaltar que todas as medidas necessárias, como a descentralização do Centro de Controle do Tráfego Aéreo de Brasília (Cindacta-1), já foram tomadas.
Pouco antes, ainda na reunião plenária com seus colegas sul-americanos, o presidente Lula havia solicitado licença ao anfitrião, o boliviano Evo Morales, para antecipar a sua saída do encontro. Como desculpa, relatou que o Brasil vive uma séria crise no setor aéreo, provocada pela operação padrão dos controladores de vôo de Brasília, que arrasta há 60 dias. Chegou a mencionar um suposto encontro que teria com o Comando da Aeronáutica. Entretanto, seus assessores também foram surpreendidos por esses novos planos do presidente, que deveria seguir para São Paulo às 18h30 (horário de Brasília). O embarque ocorreu apenas às 17 horas (horário de Brasília).
Lula acabou ficando mais do que previa em Cochabamba por conta de uma divergência com o venezuelano Hugo Chávez sobre a estrutura da Comunidade Sul-americana. Também foi convencido por Morales a comparecer à entrevista coletiva à imprensa, ao final do encontro de cúpula.
Na saída, abordado pelos jornalistas brasileiros, tentou escapar das perguntas sobre o local de sua reunião com o comandante Bueno e acabou por não confirmá-la. “Quero que o Brasil passe um Natal em que as pessoas viajem com tranqüilidade. Não tem sentido o Brasil viver com problemas nos aeroportos”, declarou. “As pessoas podem vir a sofrer por causa de chuva demais, da queda de uma torre (de controle)”.
“Mas por causa de aparelho de controle de vôo não vão sofrer mais”, completou, para logo tripudiar, dizendo que “fazia muito tempo que o Brasil não vivia uma crise”.
[b]Pacote para a crise[/b]
Na última quinta-feira, depois de um sargento da Aeronáutica ter assumido toda a culpa pelo mais recente apagão, dois dias antes, o governo anunciara um pacote para contornar os problemas vividos nos aeroportos brasileiros últimos dois meses. O Ministério do Planejamento prometeu que vai liberar os recursos necessários para a aquisição de quatro equipamentos de comunicação – similares aos que entraram em colapso naquela terça-feira. O custo total será de cerca de US$ 10 milhões.
A Aeronáutica decidiu reforçar os centros regionais de vôo de São Paulo e do Rio e trabalhar, em médio prazo, pelo retorno das operações dos antigos centros de Belém e de Porto Alegre, que funcionarão como reservas dos Cindactas de Manaus e de Curitiba. Também foi anunciado que já está em curso a contratação e a transferência de pessoal, para desafogar o sistema. De acordo como Ministério da Defesa, são necessários mais 150 controladores para que a operação torne-se eficiente.
Redaçaõ/Ag.Estado