A Rússia advertiu que pode impedir voos internacionais de cruzarem seu espaço aéreo se a União Europeia aplicar novas sanções contra o país. O primeiro-ministro Dimitri Medvedev afirmou que o país responderá de forma “assimétrica” a novas punições relacionadas à crise na Ucrânia. “Se houver sanções relacionadas ao setor de energia, ou restrições mais duras ao setor financeiro da Rússia, vamos responder de forma assimétrica, por exemplo, com restrições no setor de transporte”, afirmou, em entrevista ao jornal Vedomosti. Muitas companhias americanas e europeias sobrevoam a Sibéria em rotas rumo à Ásia.
Ele advertiu ainda que um fechamento do espaço aéreo poderia levar muitas companhias à falência. “Trabalhamos com base em relações de amizade com nossos parceiros e é por isso que os céus da Rússia estão abertos para voos. Mas, se sofrermos restrições, então vamos ter de responder”, acrescentou, em declarações reproduzidas pela rede britânica BBC.
Apesar de a Rússia estar cada vez mais isolada, depois de ser alvo de uma série de sanções, tanto da UE como dos Estados Unidos, Medvedev reafirmou os planos do governo de transformar Moscou em um centro financeiro internacional. “As sanções vão passar, não haverá traço delas dentro de algum tempo, mas o objetivo de criar um centro financeiro internacional continua”.
Na última sexta, países da União Europeia concordaram com um novo pacote de sanções contra a Rússia, para entrar em vigor esta semana. Contudo, deixaram em aberto a possibilidade de as medidas não serem aplicadas, no caso de o cessar-fogo acertado entre o governo ucraniano e os separatistas pró-Moscou ser respeitado. Nesta segunda, a Comissão Europeia afirmou que o bloco vai seguir em frente com a aplicação das novas sanções. "O pacote será formalmente implementado pelos Estados membros por meio de um procedimento por escrito", disse a porta-voz da comissão, Pia Ahrenkilde-Hansen.
O acordo se manteve no leste da Ucrânia nas últimas horas, apesar de as autoridades em Kiev acusarem os rebeldes de violações durante a noite, especialmente perto do porto de Mariupol. Autoridades locais disseram que o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, visitaria a região ainda nesta segunda-feira. Tanto os rebeldes como as forças armadas da Ucrânia insistem que estão observando estritamente a trégua e culpam um ao outro de violações.
O cessar-fogo, que entrou em vigor na sexta-feira à noite, faz parte de um plano de paz destinado a acabar com um conflito de cinco meses na região, que já matou mais de 3.000 pessoas, segundo dados da ONU, e se tornou o pior confronto entre o Ocidente e a Rússia desde a Guerra Fria.
Veja (Com agência Reuters)