É ela quem recebe os frequentadores de uma festa que começa às 5 da manhã e vai até o meio-dia, todo domingo, em São Paulo. Natalia Scabora se despe de toda a produção da balada e conta sua história
Domingo após domingo, Natalia Scabora acorda antes de as mais carolas senhoras irem à missa e troca o baby-doll pela roupa mais bonita do armário. Em frente ao espelho, marca seus olhos mouros e solta o riso fácil. Em pouco tempo, já está na boate D-Edge recebendo seres incansáveis em busca do último espasmo da noite paulistana ou, quem sabe, em busca de um encontro com ela.
“A festa que eu faço começa às 5 horas da madrugada e vai até o meio-dia, todo domingo”, conta. Sua religião baladeira começou na adolescência, quando se embrenhava nas casas e nos clubes noturnos da cidade. O gosto virou profissão e hoje, aos 27 anos, Nat trabalha como hostess e promoter. Anos antes, quando criança, brincava com a irmã no bairro do Ipiranga e viajava muito para o interior do Paraná. No sítio da família, a garota punha o pé descalço na terra. “Eu ia pra cachoeira, subia em pé de laranja e de jabuticaba, corria atrás das galinhas, essas coisas de criança!”
Nat mantém a meninice e o contato com os bichos. Quando pode, anda de patins e passeia no parque. E tem cinco gatos e um cachorro, que acalmam a moça no seu apartamento. “Gosto de ficar em casa por conta dos meus bichos”, diz. Ela mora com a irmã há três anos. Não tem namorado, embora essa tenha sido a razão da primeira aventura fora da casa dos pais, aos 19 anos. “Não deu certo, voltei, mas não me acostumei mais.” Nat estudava administração e ganhava seu dinheiro. A casa grande onde brincara ficou pequena e a moça pôs o bloco na rua novamente.
A família tem apoiado suas escolhas, do sonho de abrir um brechó a fazer este ensaio. "O corpo da mulher é uma imagem bonita", ela diz
Desde sempre, a família apoiou suas escolhas, do sonho de abrir um brechó até fazer esse ensaio. “O corpo da mulher é uma imagem bonita”, diz ela, cuidadosamente modesta. Nat diz que achou mais difícil posar para nossas lentes do que fazer festas. “Mas é um trampo também!”, alerta a moça sob o resto da luz da tarde. Em breve a noite chega, ela se veste e parte. Quem dera encontrar Natalia toda vez que o sol nasce – e toda vez que ele se põe.
RevistaTRIP