"Duas horas para comprar ingresso para a Copa e… não tem ingresso! O jeito é ir pra rua protestar mesmo!", escreveu um internauta. "Eu só queria um ingresso para a Copa. Um só!! Estou tentando desde a primeira vez e não consegui. Que ódio da Fifa", disse outro.
Para o jurista Carlos Alberto Castex Aidar, especialista em Direito Desportivo, seria mais responsável se a Fifa tivesse realizado um outro processo de venda de ingressos. Ele não concorda com o fato de oferecer uma etapa com critérios diferentes das anteriores. Se realizou sorteios nas primeiras, teria que realizar em todas. Como sugestão, indica que uma saída mais equilibrada seria, por exemplo, sortear todos os ingressos de uma vez só, permitindo que todos se inscrevessem por um período de tempo mais longo, para não congestionar o sistema, sem fazer distinção entre quem solicitou ingressos antes ou depois.
Ele conta que também tentou conseguir um ingresso nas etapas anteriores, mas sem sucesso. Que conhece muitos que se inscreveram sem conseguir as entradas, mas outros poucos que conseguiram. "Fiquei triste, mas paciência!", lamentou. "O que eu acho estranho é o sistema de fazer sorteios em momentos distintos", complementa Aidar.
Ele reforça ainda que o fato da Fifa ter recebido o mapa dos estádios com informações que não se concretizaram após a inauguração deles, com filas com menos cadeiras, por exemplo, gerou uma quantidade imensa de ações contra a Fifa, por problemas com ingressos da Copa das Confederações e Copa 2014.
A etapa termina no dia 1° de abril, mas pode ficar indisponível muito antes. Na última, os ingressos se esgotaram em 12 horas. Uma conferida na disponibilidade dos ingressos na tarde desta quarta-feira (12) mostrou que são os poucos os ingressos ainda disponíveis, apenas para determinadas sedes, como Cuiabá, e a preços pouco convidativos.
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Se está difícil para quem tem dinheiro para comprar um ingresso, pior ainda para os que não contam com a disponibilidade, por exemplo, de R$ 270 da categoria 2 do jogo entre Russia e Coreia do Sul, em Cuiabá – um dos poucos com disponibilidade alta. Como reforçou matéria publicada no JB
Moradores de locais carentes, de onde saem inclusive a maioria dos jogadores brasileiros, também estão indignados com o valor dos ingressos para as partidas da Copa do Mundo no Brasil. No morro da Providência, Zona Portuária da capital fluminense, por exemplo, a população deve acompanhar os jogos apenas em eventos populares nas ruas da comunidade. "Ninguém terá dinheiro para comprar os bilhetes para assistir às partidas", disse o presidente da Associação de Moradores da Providência, Maurício Hora, ao JBem fevereiro.
Matéria da agência de notícias italiana Ansa, no final do mês passado, alertava que os ingressos da Copa 2014 têm agitado o mercado paralelo, que estaria comercializando entradas a um custo até 4.000% maior que o da tabela da Fifa. Um ticket para a final do campeonato no Maracanã, por exemplo, pode custar até R$ 91,7 mil. A entidade máxima do futebol, todavia, alega que a única forma de comprar ingressos para o mundial é pelo seu portal eletrônico de venda.
Em novembro do ano passado, o jornal argentino Clarín publicou uma série de reportagens criticando o sistema de sorteio da Fifa e dando dicas aos torcedores sobre os caminhos, ainda não seguros, para se conseguir colocar a mão em um bilhete da Copa. "Nem tudo está perdido", diz o jornal. Uma opção citada foi a compra através de agências de viagens, só que com preços diferentes com a inclusão de outros serviços, que vão da classificação "básica" até a "super vip".
Nesta fase, 345 mil ingressos estarão à venda, que é realizada por ordem de chegada. A última fase será realizada a partir de 15 de abril, pela internet e em postos físicos de retirada de entradas, que serão abertos nas cidades-sede do megaevento. Ela vai até o fim do torneio, e vai funcionar por ordem de chegada.
Jornal do Brasil