O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, 'se faz de bobo' ao se reunir com o líder espiritual tibetano, o Dalai Lama, em um encontro que só serve para 'irritar à China e fazer com que os chineses contestem a sinceridade de Washington' na relação bilateral, publicaram veículos da imprensa oficial do país asiático neste sábado (22).
Obama se reuniu na sexta-feira na Casa Branca com o Dalai Lama pela terceira vez em seu mandato, em uma conversa que gerou um sério descontentamento do governo chinês, que na noite passada convocou o encarregado de negócios dos EUA em Pequim, Daniel Kritenbrink, para expressar seus protestos.
Segundo a agência oficial 'Xinhua', o vice-ministro das Relações Exteriores chinês, Zhang Yesui, manifestou a 'forte indignação e a firme oposição' da China ao encontro, que considera como uma grave ingerência nos assuntos internos do país.
A reunião 'prejudicará gravemente a cooperação e as relações entre China e EUA e prejudicará os interesses dos americanos', considerou o vice-ministro, que insistiu que os EUA 'não têm o direito' de interferir nos assuntos internos chineses.
Os Estados Unidos devem dar agora 'passos concretos para recuperar a confiança do povo e do governo chinês', acrescentou Zhang.
A China afirma que o Tibete é parte inseparável de seu território há séculos, enquanto os tibetanos argumentam que a região foi durante muito tempo virtualmente independente, até que foi ocupada pelas tropas comunistas em 1951.
O Dalai Lama, que é acusado por Pequim de fomentar o separatismo tibetano, fugiu da China em 1959, após o fracasso de uma rebelião contra o domínio comunista, e vive desde então na cidade de Dharamsala, na Índia, à espera que algum dia seja permitido seu retorno ao Tibete.
A imprensa oficial chinesa repercutiu hoje, com visível incômodo, o encontro entre Obama e o líder espiritual tibetano na Casa Branca.
O jornal 'Global Times' afirmou que 'para os EUA, o Dalai Lama é uma cartada fácil de se jogar, não tão forte como antes, mas uma carta para jogar com a China'.
'China e EUA tentam construir um novo tipo de relação bilateral, mas os reiterados encontros de Obama com o Dalai Lama prejudicaram o consenso conseguido a duras penas para criar a confiança mútua entre os dois países', acrescentou a publicação.
O 'Global Times' também mencionou que 'este ano acontecerão eleições no Congresso dos EUA, mas seria ridículo que Obama acreditasse que uma reunião com o Dalai Lama fosse uma oportunidade para angariar mais votos'.
Outro jornal, o 'China Daily' argumentou que 'apesar de o encontro com o Dalai Lama ajudar Obama a obter alguns ganhos políticos internos fáceis, prejudicará inutilmente às relações estrategicamente significativas entre Washington e Pequim'.
Após a reunião de portas fechadas, com o objetivo de dar ao encontro um perfil discreto e não irritar ainda mais à China, a Casa Branca divulgou apenas uma foto e um breve comunicado no qual destacou que Obama reiterou ao líder religioso que os EUA 'não apoiam a independência do Tibete'.
O presidente americano expressou seu apoio à 'via intermediária' como solução para o Tibete, ou seja, nem assimilação, nem independência para os tibetanos na China.
Obama encorajou o Dalai Lama a 'dialogar diretamente' com a China, o que, na sua opinião, seria 'positivo' para ambos os lados.
Por sua parte, o líder religioso declarou que não busca a 'independência' do Tibete e acredita que o diálogo entre seus representantes e o governo chinês 'será retomado'.
Ag EFEG1