A região Centro-Oeste precisa de R$ 36,4 bilhões em investimentos até 2020 para garantir o escoamento ágil e eficiente da produção. Esse é o valor necessário à execução de 106 projetos prioritários para ampliar e modernizar a infraestrutura de transportes de Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A conclusão é do Projeto Centro-Oeste Competitivo, divulgado nesta terça-feira (29), pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela Confederação da Agricultura e Pecuário do Brasil (CNA), em parceria com as federações da indústria e da agricultura e pecuária desse s estados.
Conforme o estudo, o setor produtivo da região (indústria, agricultura e atividades extrativas) gasta R$ 31,6 bilhões por ano com o transporte de cargas, o equivalente a 8,7% do Produto Interno Bruto (PIB) do Centro-Oeste. A execução dos projetos prioritários para a construção de uma malha logística eficiente trará uma economia anual de R$ 7,2 bilhões no escoamento da produção, considerando-se o volume de cargas projetado para 2020.
Ao identificar os investimentos que mais ajudariam a reduzir o custo logístico do país, a CNI e a CNA dão uma contribuição ao governo no planejamento da infraestrutura logística no médio e no longo prazos. “A indústria pode e quer participar do esforço para recuperar e modernizar a infraestrutura do país”, diz o presidente da CNI, Robs on Braga de Andrade. “Uma rede de transporte integrada e eficiente facilita a distribuição dos produtos, reduz os custos e aumenta a competividade brasileira".
O Centro-Oeste é responsável por quase a metade dos grãos produzidos no Brasil. Neste contexto, a presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, senadora Kátia Abreu, destaca que, embora 56% da produção nacional situem-se no chamado Arco Norte, acima do paralelo 16o, apenas 14% são escoados pelos portos do Norte e Nordeste. “Só com investimentos maciços em infraestrutura, aproveitando os mississippis brasileiros, será possível inverter esta lógica que sobrecarrega os portos do Sul e do Sudeste, baixando os custos do transporte e preservando o meio ambiente”, diz Kátia Abreu.
Um caminhão que sai do Centro-Oeste e roda até 2 mil quilômetros para chegar aos portos do Sul e Sudeste consome, em média, oito litros de combustível por quilômetro e emite 129 gramas de monóxido de carbono. Se a mesma carga seguir por ferrovia até o porto, o consumo de combustível cairá para seis litros e a emissão de gases poluentes para 104 gramas. As vantagens do transporte hidroviário são ainda maiores. Uma chata gasta a metade do combustível usado por um caminhão e emite apenas um terço dos gases poluentes. “Competitividade com sustentabilidade é o grande desafio do agronegócio do país”, afirma a presidente da CNA.
CELERIDADE – De acordo com o Centro-Oeste Competitivo, apenas 19 das 106 obras prioritárias estão em andamento, o que equivale a 16,4% dos investimentos necessários na região. Outras 70 estão em fase de projeto ou apenas nos planos d o poder público. Essas 106 obras, quando concluídas, formarão 10 eixos logísticos integrados. Cada eixo é composto por dois ou mais modais de transporte complementares que garantirão o escoamento eficiente da produção, da porta da fábrica ao embarque no porto.
Os principais investimentos deverão ser destinados a ferrovias e portos, recomenda o Centro-Oeste Competitivo. O transporte ferroviário demandará R$ 17,5 bilhões – 24,5% dos investimentos prioritários – para execução de 26 projetos. A estrutura portuária exigirá R$ 8,4 bilhões para tirar 24 projetos do papel nos próximos anos. O maior número de projetos considerados urgentes, porém, está no modal hidroviário. O transporte fluvial necessitará de R$ 6,7 bilhões em investimentos em 34 obras essenciais para melhorar o sistem a logístico da região.
SATURAÇÃO – O Centro-Oeste Competitivo destaca que o adiamento das obras prioritárias agravará os problemas que as empresas enfrentam para escoar a produção em rodovias, ferrovias e portos já saturados pelo crescimento da demanda. Entre os gargalos onsiderados críticos nas rodovias há três trechos da BR-163, em Mato Grosso. Entre Lucas do Rio Verde e Posto Gil, o mais congestionado, a movimentação chega a 83 mil toneladas por dia, 113,5% acima da capacidade da via. Na BR-364, entre Rondonópolis e Alto Araguaia, passam 78,7 mil toneladas por dia, volume 202,5% superior à capacidade da rodovia.
As ferrovias também devem receber investimentos para eliminar pontos de saturação e evitar piora dos gargalos. O caso mais crítico, caso nada seja feito até 2020, é o da ALL Malha Oeste, no trecho entre Corumbá e Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. De acordo com as projeções de aumento no fluxo de cargas, a demanda prevista para 2020 terá superado em 722,3% a capacidade diária de carga da ferrovia.
PRODUÇÃO REGIONAL – A produção industrial do Centro-Oeste movimentou R$ 81,6 bilhões em 2010. Desse total, 75% estão concentrados em 15 cadeias produtivas instaladas na região: adubos e fertilizantes, algodão, avicultura, bebidas, bovinos, calcário, cana de açúcar, cobre, ferro e aço, madeira, milho, petróleo e derivados, químicos industriais, soja, veículos e autopeças.
De toda produção industrial, 75% estão concentrados em 12 produtos das 15 grandes cadeias produtivas priorizadas: carne bovina, óleo de soja, farelos de soja, álcool, c arne de aves, açúcar, ração animal, adubos e fertilizantes, biodiesel, leite, refrigerantes, cervejas e cimentos. Na agropecuária, as cadeias de cana-de-açúcar, bovinos, soja, milho e algodão representam 95% da produção no Centro-Oeste.
De acordo com Centro-Oeste Competitivo, para solucionar todos os problemas logísticos da região, seria necessário investir R$ 159 bilhões em 308 projetos de ferrovias, rodovias, hidrovias, portos, aeroportos e dutos. Com base no estudo, porém, a CNI e a CNA propõem a execução urgente dos 106 projetos prioritários que oferecem a maior economia com custos logísticos. Isso porque, executando-se 34,4% das obras necessárias pode-se alcançar 64,9% da redução nos gastos com o transporte de carga.
CONSOLIDADO – O Projeto Centro-Oeste Competitivo é a quart a publicação da série Estudos Regionais de Competitividade, patrocinados pela CNI e por federações estaduais da indústria. Já foram apresentados o Norte (julho de 2011), o Sul (agosto de 2012) e o Nordeste (outubro de 2012) Competitivo. Os estudos regionais oferecem subsídios para o governo a planejar o futuro do sistema logístico, otimizar os recursos e reduzir os custos de transporte do Brasil. Nos quatro estudos, foram identificadas 205 obras prioritárias, que envolvem investimentos de R$ 55 bilhões até 2020.
Logística do Centro-Oeste precisa de R$ 36,4 bilhões em investimentos até 2020
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