A lista dos livros mais vendidos no Brasil mostra que o país vai incorporando a divisão tradicional americana entre "conservadores" e "progressistas". A diferença é que, se lá eles estão reunidos respectivamente nos partidos republicano e democrata, aqui as legendas não capitalizam esses autores e leitores.
Ligados à direita estão o jornalista Leandro Narloch, autor de "Guia Politicamente Incorreto da História do Mundo" (Leya), que ocupa a quinta posição no ranking de não ficção da revista "Veja", e o filósofo Olavo de Carvalho, com "O Mínimo que Você Precisa Saber para Não ser um Idiota" (Record), em quarto.
À esquerda, aparece na nona posição o livro "O Príncipe da Privataria" (Geração Editorial), do jornalista Palmério Dória. A obra é crítica ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e herdeira de "A Privataria Tucana", best-seller do ano passado feito pelo jornalista Amaury Ribeiro Júnior e editado pelo mesmo selo.
Em todos os casos, utilizou-se a lista de mais vendidos da edição do dia 8 de outubro. Ela mostra ainda, também lembrando os Estados Unidos, o crescimento no Brasil da influência religiosa, sobretudo evangélica.
Isso ocorre tanto de maneira mais proselitista, como no livro "Nada a Perder 2", do pastor Edir Macedo (pela Planeta, em primeiro lugar), quanto de maneira indireta, por uma interpretação da fé mais elogiosa ao lucro e ao sucesso, com livros como "Sonhos Não Têm Limites", sobre o empresário Carlos Wizard, que é ligado à igreja mórmon (pela Gente, no oitavo lugar).
Se os partidos republicano e democrata têm sucesso em representar essas tendências ideológicas de escritores e leitores americanos, isso não é automático no Brasil.
Pela esquerda, Dória, apesar do tom crítico ao PSDB do seu livro, nega identificação partidária: "Não sou peemedebista, pessebista, petista, redista. No geral, me sinto um socialista e humanista".
RICARDO MIOTO
DE SÃO PAULO