Quem está interessado em fazer um curso técnico para entrar no mercado de trabalho tem hoje, no Brasil, 160 opções em áreas que vão desde controle e processos industriais até turismo e hospitalidade. Entre os benefícios de quem opta por esse tipo de formação está a entrada mais rápida no mercado de trabalho, em profissões de boa remuneração e com carreiras promissoras. Um estudo elaborado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) revela que esses trabalhadores recebem, em média, R$ 2.227,00 nos empregos formais no Brasil.
A análise feita com base na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) 2011, a mais recente disponível, mostra ainda que os técnicos formados para trabalhar na indústria são os que recebem os maiores salários, em média de R$ 2.519,34. O valor é 24,3% maior que o recebido por técnicos de outras áreas como comércio, serviços ou agropecuária (R$ 2.027,54).
O estudo avaliou 2.514.110 empregos em 103 ocupações de nível técnicos tipicamente industriais. Desse total, 47% estão na indústria, 29% no setor de serviços e 23% no comércio. “Quem se forma para trabalhar na indústria pode conseguir oportunidades também em outros setores. Há um mercado importante interessado em oferecer serviços à indústria. Essas empresas não são indústria e precisam dos técnicos industriais”, explica o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi.
Segundo ele, também não é surpresa que profissionais formados em cursos tipicamente industriais também atuem no comércio. Entre o s exemplos, estão o técnico têxtil que pode trabalhar na área de controle de qualidade dos grandes magazines, e os técnicos químicos, responsáveis por vendas especializadas. Eles desempenham papel importante na aproximação entre a área de pesquisa e desenvolvimento das empresas e os consumidores.
Um profissional técnico é formado em cursos com carga horária mínima de 800 horas/aula, que oferecem conhecimentos teóricos e práticos em diversas atividades do setor produtivo. Para a obtenção do diploma, é necessário que o estudante tenha concluído o ensino médio.
CARREIRA PROMISSORA – De acordo com o levantamento, no primeiro emprego, os técnicos industriais recebem 13,4% a mais que os profissionais de mesmo nível formados para outros setores. Entre os profissionais com mais de 10 anos de profissão, a diferença é ainda maior – os técnicos industriais ganham 49,2% mais. O estudo mostra ainda que a carreira nas profissões ligadas à indústria são mais promissoras. Nesse caso, quem tem 10 anos de profissão chega a ganhar 260% mais do que quem está no primeiro emprego. Nas outras profissões, essa variação é 173% (veja quadro).
Remuneração de profissionais de nível técnico industriais e não industriais
Ocupação | Remuneração média | Remuneração 1º emprego | Remuneração 10 anos ou mais | Diferencial de remuneração entre 10 anos ou mais de experiência e o 1º emprego |
Técnicos industriais | R$ 2.519,34 | R$ 1.274,04 | R$ 4.582,28 | 260% |
Técnicos não industriais | R$ 2.027,54 | R$ 1.123,31 | R$ 3.070,38 | 173% |
Diferencial de remuneração | 24,3% | 13,4% | 49,2% |
Elaboração: CNI/Uniepro Fonte: RAIS 2011/MTE
AUMENTO DOS EMPREGOS – As 103 ocupações analisadas pelo SENAI tiveram crescimento no volume de empregos de 36,6% entre a RAIS 2006 e a RAIS 2011. Isso indica a expansão do mercado de trabalho para quem opta por fazer um curso técnico. Foram identificadas também as dez ocupações industriais que mais abriram vagas nesses cinco anos. Juntas, elas tiveram crescimento de 70% nos postos de trabalho e representam 26,6% do total de vínculos das ocupações industriais de nível técnico.
Entre essas dez, sete têm remuneração acima de R$ 2.519,34, que é média salarial desse grupo. Os supervisores de usinagem, conformação e tratamento de metais, que atuam principalmente no desenvolvimento de peças metálicas, t&ec irc;m remuneração média mais alta, de R$ 3.694,56 mensais. Os técnicos mecânicos na fabricação e montagem de máquinas, sistemas e instrumentos, responsáveis por projetar, fabricar e modificar sistemas eletromecânicos, vêm logo em seguida com R$ 3.607,17, e depois os técnicos em construção civil, com R$ 3.461,52.
Remuneração das ocupações que mais cresceram em número de postos de trabalho entre 2006 e 2011
Ocupação | Remuneração Média | Remuneração 1º Emprego | Remuneração 10 anos ou mais |
Técnicos em topografia, agrimensura e hidrografia | 2.135,54 | 1.268,98 | 3.486,52 |
Técnicos em construção civil (edificações)* | 3.461,52 | 1.739,54 | 5.845,29 |
Técnicos em segurança no trabalho* | 2.834,79 | 1.976,22 | 5.373,99 |
Supervisores da construção civil* | 2.665,01 | 1.837,19 | 2.995,54 |
Técnicos mecânicos na manutenção de máquinas, sistemas e instrumentos* | 3.027,67 | 1.420,45 | 4.970,51 |
Técnicos de planejamento e controle de produção* | 2.801,74 | 1.353,98 | 4.603,75 |
Mecânicos de manutenção e instalação de aparelhos de climatização e refrigeração | 1.254,48 | 846,55 | 1.944,75 |
Técnicos mecânicos na fabricação e montagem de máquinas, sistemas e instrumentos* | 3.607,17 | 1.545,66 | 7.246,00 |
Técnicos em eletrônica | 2.134,28 | 1.044,67 | 5.292,18 |
Supervisores de usinagem, conformação e tratamento de metais* | 3.694,56 | 2.161,33 | 5.005,17 |
Ocupações com remuneração média superior à média dos técnicos industriais
Elaboração: CNI/Uniepro Fonte: RAIS 2011/MTE
O SENAI realiza sistematicamente o monitoramento o mercado do trabalho. Com essa observação, é possível identificar possíveis sinais de desequilíbrio entre a procura das empresas e a oferta de qualificação de trabalhadores. O SENAI é a principal instituição que oferece formação profissional para a indústria. Desde o início das suas atividades, já realizou mais de 3 milhões de matrículas em cursos que vão desde a formação inicial e continuada até a pós-graduação. O SENAI também é o principal parceiro do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técni co e Emprego (Pronatec), responsável por cerca de metade das 1,25 milhão de matrículas em cursos técnicos.
Por Ismália Afonso