O saldo negativo nas transações correntes do Brasil com o exterior foi recorde no primeiro semestre deste ano, somando US$ 43,5 bilhões, valor muito superior ao rombo registrado de janeiro a junho de 2012 (US$ 25,2 bilhões), informou nesta terça-feira (23) o Banco Central.
Essas transações incluem as trocas comerciais de bens e serviços, como viagens e aluguéis de equipamentos, além das transferências de renda, como remessa de lucros e pagamento de juros.
Análise: O recado das contas externas
O rombo recorde reflete um desempenho fraco da balança comercial –que é influenciado por uma queda nas exportações e por um aumento das importações. Mas também do impacto de uma mudança na forma que a Petrobras usa para registrar suas compras de combustível no exterior.
Também influencia esse resultado o valor recorde de gastos com viagens de brasileiros ao exterior, que atingiu R$ 12,3 bilhões no primeiro semestre.
Em junho, o deficit ficou em US$ 4 bilhões, valor pouco menor que o registrado um ano antes (US$ 4,4 bilhões).
Essa queda, porém, foi impactada por uma operação de exportação. A Petrobras "exportou" uma plataforma de petróleo para subsidiárias no exterior. A operação é apenas contábil, contudo, pois o equipamento não saiu do país. A operação significou US$ 1,6 bilhão a mais no saldo comercial de junho.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, observa que a desvalorização do real é a primeira barreira de proteção para conter a disparada do deficit, ao encarecer bens e serviços adquiridos no exterior e tornar nossas exportações mais competitivas.
No entanto, destaca, isso tem efeito defasado. Maciel acredita que o dólar mais alto terá impacto gradativo na melhora da balança comercial ao longo do segundo semestre do ano.
A projeção do BC é que o saldo entre exportações e importações, que hoje está negativo em US$ 3 bilhões no acumulado do semestre, feche o ano positivo em US$ 7 bilhões.
Além disso, ele também espera um arrefecimento nos gastos de turistas brasileiros no exterior.
"Historicamente, vemos reação de despesas com viagem à variação de cambio. Contudo, nem sempre a resposta é imediata. Esses gastos não mostraram ainda moderação", afirmou.
Editoria de Arte/Folhapress | ||