As arenas de Manaus e Cuiabá já foram apontadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União) como prováveis elefantes brancos depois da Copa do Mundo de 2014.
A construção dos dois estádios, localizados em regiões onde o futebol é praticamente semiprofissional, vai custar mais de R$ 1 bilhão.
Agora, o governo federal e os Estados vão gastar mais R$ 80 milhões para construir pelo menos outros dois estádios menores em cada capital. Os Cots (campos oficiais de treinamento), como são chamados pela Fifa, são uma exigência dos organizadores do Mundial para receber as seleções que jogarão nas cidades durante a competição.
Em Manaus, o estádio da Colina está sendo totalmente reformado desde março. Com a obra orçada em cerca de R$ 21 milhões, o antigo estádio do São Raimundo ganhará estacionamento, vestiários e gramado seguindo os padrões da Fifa. O complexo, que terá capacidade para dez mil torcedores, ainda terá sala de imprensa para 200 jornalistas, vestiário, academia e setor médico.
No segundo semestre, operários começam a reformar o estádio do Coroado (estimado em R$ 15 milhões), em Manaus, além de um campo, que servirá de reserva, com obras orçadas em R$ 3,5 milhões.
"Não estamos encarando essas obras como gasto. Vemos isso como um legado para o futebol do Amazonas", disse o coordenador da UGP-Copa (Unidade Gestora do Projeto Copa), Miguel Capobiango Neto. O órgão é ligado ao governo do Estado.
Os jogos no Amazonas têm uma das mais baixas médias de público do país. A federação local estima uma média de 2.000 torcedores por partida no Estadual deste ano, que será encerrado no próximo final de semana.
Na região metropolitana de Cuiabá, o governo do Mato Grosso também vai erguer outros dois estádios, além da Arena do Pantanal, com ajuda de verbas federais. Os dois campos de treinamento custarão cerca de R$ 40 milhões.
No próximo ano, a região terá disponível 48 mil assentos nos três estádios levantados com ajuda de recursos público, quase o mesmo número de ingressos vendidos em todos os jogos do campeonato local neste ano.
As 78 partidas do torneio, vencido pelo Cuiabá, somaram só 44.926 pagantes.
Na última entrevista coletiva organizada pela Fifa, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, defendeu a realização do Mundial em cidades sem expressão no futebol, casos de Manaus e Cuiabá.
"Uma Copa do Mundo que excluísse 60% do território nacional [Amazônia] não seria do Brasil, seria do Sul e Sudeste. Para que fosse do Brasil, teria que ter uma sede pelo menos em uma área que é de nossa identidade nacional, e também o Pantanal", afirmou o ministro, acrescentando que as arenas conseguirão se sustentar com outras atividades comerciais.
"Nós não vamos ter só eventos esportivos. Haverá shows, convenções, congressos, feiras, e essas cidades não tinham estrutura adequada para receber tais eventos", disse o ministro.
Folha de São Paulo